Ganhou o prémio de melhor tinto do mundo num prestigiado concurso internacional. Um estímulo mas também uma responsabilidade acrescida à Casa Ermelinda Freitas, uma marca que Leonor Freitas dirige com empenho, alma e dedicação.
Até agora, o seu vinho já recebeu 70 medalhas de ouro e 63 de prata a nível nacional e internacional, e muitas mais se seguirão dado o entusiasmo que a filha de Ermelinda Freitas deposita no vinho dos seus antepassados.
O seu maior sonho é ser capaz de transmitir aos filhos, a quinta geração, aquilo que os pais lhe transmitiram: o amor à terra, o
respeito pelo próximo e o trabalho em prol do nosso crescimento e da
sociedade.
É uma grande responsabilidade ser a única continuadora da tradição vinícola da sua família há cinco gerações?
Eu sou a quarta geração. Sinto uma grande responsabilidade por dar
continuidade às minhas gerações anteriores que muito trabalharam e
dedicaram grande amor à atividade rural, concretamente a vinha.
A sua família é toda originária das Terras do Sado. É lá que ainda vive hoje?
Sim, toda a minha família é da zona rural do concelho de Palmela e
ainda hoje vivemos no mesmo sítio de onde são os vinhos da região
península de Setúbal.
É verdade que herdou 60 ha de vinhas e já dispõe de 240 ha?
Sim, quando o meu pai faleceu e eu vim para a casa tínhamos 60 ha
de vinha e hoje exploramos 240 hectares.
A introdução de novas castas é da sua exclusiva responsabilidade?
Quando vim para a casa havia 55 ha de Castelão e 5 ha de Fernão
Pires. Eram as castas utilizadas na região. Hoje sob a minha
responsabilidade temos várias de uvas brancas como Chardonnay,
Verdelho, Moscatel, Viusinho, Fernão Pires, Arinto, Sauvignon Blanc.
Nas castas tintas temos o Castelão, Trincadeira, Petit Verdot, Touriga
Nacional, Touriga Franca, Syrah, Cabernet Sauvignon, Alicante
Bouschet, Merlot e Aragonês e continuamos a restruturar vinhas e a
plantar castas modernas.
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É uma apreciadora de vinho ou bebe água às refeições?
Sou uma apreciadora de vinho, bebendo com moderação às refeições.
Quantos litros de vinho produz anualmente?
Em média, seis milhões de litros. Além da nossa produção também
compramos uvas na região.
O seu vinho é totalmente comercializado em Portugal ou também exporta?
Também exporto cerca de 40 por cento da nossa produção.
A Casa Ermelinda Freitas ganhou o prémio de melhor tinto do mundo num prestigiado concurso internacional. Este prémio significou o quê?
Significou estímulo, gratificação, dizer que vale a pena apostar
na qualidade mas também trouxe grande sentido de responsabilidade à
Casa Ermelinda Freitas.
O presidente da república mandou-lhe uma mensagem de felicitações totalmente inesperada. Como recebeu este elogio?
O elogio do senhor Presidente da República foi o maior estímulo e
gratificação para mim e para o mundo rural que eu represento.
Quantas medalhas e prémios internacionais o seu vinho já recebeu?
Até agora recebemos 70 medalhas de ouro e 63 de prata a nível
nacional e internacional.
Dos seus, qual é o seu vinho preferido?
Não sou capaz de dizer. Todos eles são como sendo meus filhos com
características diferentes para momentos diferentes, mas todos
igualmente com a melhor relação qualidade preço.
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Não investe para fazer mais mas sim para produzir o melhor. É esse o seu objetivo?
Sim. Cada vez apostar mais na qualidade para produzir e
representar o melhor que há na nossa região e em Portugal.
E casada e tem dois filhos. O seu marido e os seus filhos também fazem parte da empresa?
Neste momento trabalho eu e os meus filhos na empresa.
É licenciada em Sociologia e trabalhou no setor da saúde até 1997, altura em que passou a dirigir a Casa Ermelinda Freitas. Adaptou-se bem à nova atividade?
Foi uma grande alteração na minha vida mas tive consciência
daquilo que não sabia e reuni-me das pessoas adequadas que me ajudaram
a ultrapassar a parte técnica que eu não conhecia. Aqui realço toda a
colaboração do enólogo e amigo Jaime Quendera. A minha maior adaptação
foi aprender a viver com a instabilidade económica que é tão
característica infelizmente do mundo rural.
A direção da sua empresa obriga-a a trabalhar muitas horas por dia?
Sim. É um trabalho e dedicação que não é possível fazer horários.
A sua mãe ainda vai à empresa?
Não. Neste momento já não tem saúde que lhe permita deslocar-se à empresa.
Tem algum hobby?
Aquilo que mais gosto é de viajar.
O que a descansa?
Olhar para o mar.
Qual é o seu maior sonho?
Ser capaz de transmitir aos meus filhos, a quinta geração, aquilo que
os meus pais me conseguiram transmitir a mim: o amor à terra, o
respeito pelo próximo e o trabalho em prol do nosso crescimento e da
sociedade.
Quando viaja gosta de experimentar os vinhos dos outros países. Qual é o melhor vinho do mundo?
Sempre que viajo e que me é possível, bebo os vinhos do país onde
estou. Não sou capaz de eleger nenhum em especial porque depende da
comida, da situação e da companhia em que o bebo.
O que a motiva?
A paixão pelo que faço, e acreditar na equipa que comigo trabalha.
É feliz?
Procuro estar bem comigo própria sendo coerente com o que faço e
com os que me rodeiam e assim sinto-me feliz.
Texto: Palmira Correia
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