Pisca Pisca
Assistimos hoje a um admirável mundo novo de mobilidade sustentável à boleia de carros elétricos e ao número crescente de vantagens associadas à sua aquisição. Para além da óbvia constatação de proporcionarem viagens mais silenciosas e com menos emissões poluentes, há outros atributos que preponderam na hora de adquirir estas viaturas, o que inclui o segmento dos carros usados. Há vantagens fiscais na sua aquisição, a infraestrutura de recarga está a crescer, a tecnologia das baterias (o “coração” destas viaturas) permite uma autonomia crescente, o preço destas mesmas baterias apresenta uma tendência decrescente.
Neste artigo focamo-nos nas baterias dos carros elétricos, sem esquecer aspetos a considerar na aquisição de carros usados. Contas feitas, a compra destes últimos significa um considerável alívio para as nossas carteiras. No fundo, a bateria é a peça central de toda a admirável engenharia que assiste os carros elétricos.
O que é a bateria?
Na prática, e explicado de forma pragmática, a bateria (ou baterias, dado que existem várias num mesmo veículo) é um acumulador de energia. Após o seu carregamento, a energia fica guardada em compartimentos, que por norma se encontram debaixo dos bancos, cobrindo quase toda a área inferior do chassi. Posteriormente, a energia acumulada é transmitida ao motor em corrente contínua ou alternada.
Acresce que todo este processo torna o carro elétrico num veículo zero emissões poluentes. A sua eficiência é totalmente dedicada e aplicada às rodas motrizes ao contrário dos motores a combustão, em que existe desperdício de energia, daí a saída de gazes de escape nesse tipo de carros.
Novas baterias, novas oportunidades
A melhoria do desempenho das baterias não é alheia a todo o investimento que as marcas têm nele colocado. Presentemente, a principal fonte de energia dos carros elétricos provém das baterias de íon-lítio. Estas conseguem armazenar uma grande quantidade de energia num espaço pequeno.
Ou seja, apresentam uma alta densidade de energia. As vantagens são evidentes, desde logo permite os veículos circularem longas distâncias com uma única carga. O mesmo é dizer que apresentam uma baixa taxa de autodescarga, quando comparada com outras baterias recarregáveis, perdendo energia mais lentamente quando não estão a uso. Sublinhe-se que também apresentam um ciclo de vida longo. Isto significa que suportam centenas de ciclos de carga e descarga antes de perderem uma considerável capacidade. Este é um aspeto fundamental. Acresce que as melhorias tecnológicas também se têm centrado em manter a alta capacidade de retenção de carga ao longo do tempo, assim como reduzir os tempos de carregamento da bateria, das horas para os minutos.
Autonomia: o Santo Graal da mobilidade elétrica
Não há conversa em torno dos atributos de um carro elétrico que omita a palavra “autonomia”. Esta, corresponde ao número de quilómetros que o veículo cumpre com um carregamento total da bateria. Neste particular, olhemos para um passado recente. Há perto de 15 anos, a autonomia de um carro elétrico não ultrapassaria em muito os 150 Km. Hoje, a média cifra-se nos 300 Km, embora alguns modelos alcancem os 400 ou mesmo os 600 Km autónomos.
A autonomia de um carro elétrico corresponde à quantidade de quilómetros que um automóvel pode cumprir com um carregamento total da bateria. Esta autonomia, no caso dos veículos ligeiros, é aferida por um padrão global para a aferição de emissões, consumo e autonomia, o World Wide Harmonized Light-Duty Vehicles Test Procedure (WLTP). Tenha em consideração que uma mesma marca automóvel pode apresentar diferentes especificidades de baterias para diferentes versões. É importante esclarecer este aspeto no momento da escolha da viatura.
No caso dos carros usados, procure respostas para as seguintes questões:
Qual a garantia da bateria? Avaliar se esta ainda se encontra ao abrigo do período de garantia.
Qual o tipo de bateria utilizada? Neste mesmo artigo já avaliámos as vantagens das baterias de iões de lítio. Por exemplo, baterias de níquel-hidreto metálico, apresentam uma menor capacidade de carga, são mais pesadas, e mais tendência para apresentarem vícios.
A bateria é alugada? Ao considerar a aquisição do elétrico usado averigue se a bateria é alugada.
Qual a vida útil da bateria? Ao avaliar um veículo usado solicite ao vendedor informações sobre a capacidade restante da bateria. Garante que recebe informação sobre se a bateria foi usada de acordo com as recomendações da marca. A bateria destes veículos tem uma durabilidade de cerca de 15 anos, sendo que, por norma, as baterias estão protegidas pela garantia, com um prazo de até oito ano ou até aos 160 mil quilómetros.
Também a não esquecer:
Solicite ao vendedor o histórico completo das manutenções e reparações realizadas no veículo elétrico.
Solicite o histórico de carregamentos elétricos.
Mimar a bateria
Tal como num veículo a combustão, a condução, a manutenção e o cuidado geral para com um carro elétrico, influencia na vida útil da viatura e da sua bateria.
Certifique-se que o carro usado que adquire tem as verificações de manutenção periódicas em dia, ou se existem intervenções não previstas e perceber porquê.
Também o método de carregamento da bateria influencia as viaturas elétricas. “É recomendável manter o nível de carga entre os 20% e os 80% e preferir as tomadas de carga lenta e os carregadores inteligentes”, alerta o ACP no seu site.
Como cuidados gerais a ter com a bateria, aconselha-se não deixar acabar a eletricidade acumulada, o que permitirá prolongar os carregamentos com carga máxima durante mais tempo.
Temperaturas extremas podem degradar com mais facilidade as baterias. Recomenda-se o carregamento do carro elétrico à noite ou na garagem/parqueamento.
Uma segunda vida
Chegará o momento em que a capacidade máxima de carga da bateria não vai ultrapassar os 70 a 80%. É chegada a hora de substituir este componente. Pode, então, optar pela reutilização da bateria, por exemplo, para armazenar energia em casa. Ou seja, a bateria pode ser removida do veículo elétrico e ser adaptada para armazenamento de energia em qualquer edifício (habitação, empresa, edifícios públicos, etc.). Uma bateria, em uso estacionário, para armazenar energia, pode durar mais de 15 anos. “Após a utilização de uma bateria para o armazenamento de energia, há que encaminhá-la para reciclagem. O processo de reciclagem do lítio presente nas baterias permite remover 95% da matéria-prima, para que esta seja reutilizada no fabrico de outros aparelhos elétricos e eletrónicos, ou ainda de outras baterias para VE”, informa a Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos.
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