Desde o ano de 1988, os bancos centrais davam como prioridade a venda dos ativos líquidos deste metal precioso. Já que as suas respetivas moedas não eram convertíveis em ouro, essa política fazia todo o sentido. Porquê manter um ativo físico em que o seu armazenamento é dispendioso, acarreta muito trabalho e há pouca ou nenhuma probabilidade de que ele venha a ser preciso? É preferível manter um ativo que possa render juros (e que seja mais facilmente armazenado), como uma OT (Obrigações do Tesouro), o qual permite obter lucro durante um determina-do período. Não se esqueçam que os bancos centrais também visam o lucro nas suas operações.
Segundo o World Gold Council, nos últimos anos ocorreu uma mudança drástica na política dos bancos centrais: começaram a comprar ouro! Em 2012, a compra de ouro chegou a superar mais do dobro da quantidade comprada durante o ano de 2010. Pela primeira vez em 20 anos, os bancos centrais de todo o mundo estão a comprar mais ouro do que a vender, invertendo assim a tendência que se verificava há décadas.
A compra de ouro pelos bancos centrais representa uma reação completamente racional à luz das políticas governamentais. Com a solvência de alguns grandes governos a serem diariamente questionadas, tanto os investidores como os bancos centrais já estão a questionar-se sobre o valor das OT desses países, que estão nas suas carteiras de investimentos. A Grécia afirmou recentemente que iria reduzir em 50% o valor contabilístico da sua dívida que está em mão de privados. Quem garante que o mesmo não pode acontecer para os títulos de outros governos e outras organizações? A solvência de uma crescente lista de países - Irlanda, Portugal, Itália, Espanha - vai sendo repetidamente questionada todas as semanas, e nem mesmo os Estados Unidos estão imunes a essa possibilidade, como bem ilustra a sua própria crise da dívida. Adquirir ouro e mantê-lo nos seus ativos não elimina a possibilidade de haver património líquido negativo para um banco central. No entanto, dado os recentes eventos, ele torna-se indubitavelmente numa opção bem atrativa. À medida que os países vão demonstrando toda a sua dificuldade em colocar as suas dívidas e os seus défices em ordem, o valor real dos títulos da sua dívida também se torna questionável.
Chipre baixa cotação
Embora a posse de ativos reais não traga grandes benefícios para um banco central, ela age como uma espécie de apólice de seguro. Para um banco central preocupado com o valor dos seus ativos, uma diversificação que inclua o ouro representa uma alternativa bem racional.
Então porque é que a cotação do ouro teve uma queda considerável nas últimas semanas?
Podemos apontar o Chipre como um dos responsáveis pela queda abrupta da sua cotação, isto devido ao anúncio da possível utilização das reservas de ouro do país para a liquidação de parte da sua dívida externa. Este anúncio levou à quebra do suporto de meses e à verificação do efeito de “manada”, com os fundos de Investimento a liquidarem as suas posições em grande escala.
Em conjunto com este fator, os fracos dados económicos de diversas economias mundiais, tais como nos Estados Unidos e a China, influenciaram igualmente a cotação do ouro.
O que fazer agora?
A reação mais usual é sair do investimento quando a sua cotação está em queda. Sabemos também que a maioria das pessoas não entende o porquê dos acontecimentos nas economias e, como consequência, tomam decisões erradas quanto ao que fazer com o seu dinheiro. Vamos, por uma vez, ser diferentes e fazer ao contrário da maioria. Vamos analisar se esta é, uma boa altura para investir em ouro.
Será bom aproveitar a queda de cerca de 20% das últimas semanas? Será que devemos investir todas as nossas poupanças agora? Será que devemos investir somente parte dessas poupanças e guardar outra parte para comprar mais, depois de possíveis quedas? Pense nisso, veja o investimento no ouro como uma estratégia de longo prazo e tire as suas conclusões.
Para ajudá-lo a tomar as suas decisões, deixo-vos algumas vantagens do investimento em ouro.
Investimento com liquidez
O ouro é a única moeda que está isenta de controlo governamental, ou seja, não tem influência negativa no seu valor final.
A emissão de triliões de unidades de moedas soberanas (excesso de liquidez global) está a criar uma desvalorização do valor real do papel-moeda de alguns países. O ouro nunca perde valor. Mesmo sujo ou com largos anos, continua a preservar o seu valor em dinheiro. (obviamente não está isento de oscilações).
O ouro faz parte dos refúgios para os investidores em cenários de crise económica. quando as ações e títulos falham em épocas de tensão e instabilidade, o ouro demonstrou sempre melhor desempenho.
O ouro é um investimento com liquidez, ao contrário, por exemplo, do imobiliário. é simultaneamente um ativo e uma moeda de troca. Existem poucos investimentos que podem ser convertidos tão facilmente e rapidamente em moeda sem sofrer qualquer penalização, sem tempos de espera e sem condições adicionais.
Por último, este tipo de investimento não paga imposto, ao contrário das ações. Por isso é mais fácil de se comprar ou de se desfazer dele rapidamente. Investir no ouro ajuda-o a preservar a sua riqueza.
Permite diversificar as carteiras de investimento, diluindo o risco das desvalorizações nos mercados, por exemplo, bolsita. Serve de hedging contra a desvalorização da moeda de cada país.
Onde comprar ouro?
Existem diversas fontes de compra de ouro. A mais usual são os bancos. No entanto, com a explosão das lojas de ouro, estas tornaram-se um local ideal para fazer este tipo de negócio. faça as suas consultas em diversos locais antes de efetuar a sua compra. Consulte a cotação do grama antes de fazer essas consultas. Ir informado permitirá estar mais atento sobre qual será a melhor oferta.
As compras online são cada vez mais frequentes neste tipo de produto, no entanto esteja muito atento e verifique se a fonte é fidedigna e com histórico de sucesso.
Posso comprar ETF (Exchange Trade Fund)?
O investimento através de ETF é outro produto derivado e alavancado, é pura especulação. Este tipo de especulação implica um risco muito maior devido à sua grande volatilidade. Mas é claro que cada investidor é livre de fazer o que deseja com o seu dinheiro. Com toda esta informação, irá certamente começar a ver de uma forma diferente as joias que a sua avó lhe deixou…
Não se desfaça delas. poderão ser-lhe muito úteis numa situação de grave crise no futuro e considerando a baixa da cotação recente, o potencial de ganhos a médio e longo prazo é interessante.
«…ESTE TIPO DE INVESTIMENTO NÃO PAGA IMPOSTO AO CONTRÁRIO DAS AÇÕES…»
«…O OURO FAZ PARTE DOS REFÚGIOS PARA OS INVESTIDORES EM CENÁRIOS DE CRISE ECONÓMICA…»
Pedro da Silva
Coach
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