O confinamento, as restrições, as preocupações com a saúde pública e outros fatores causaram uma grande instabilidade da economia nacional e internacional, originando uma crescente procura por apoios devido a diversas situações de desemprego e baixos rendimentos dos agregados familiares.
Em 2020 houve mais 43.641 mil beneficiários do subsídio de desemprego do que em 2019, tendo aumentado assim em 27,5% a despesa da Segurança Social com estas prestações, de acordo com o relatório sobre a Evolução Orçamental da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentações do Conselho das Finanças Públicas (CFP).
Se este é o seu caso ou de alguém próximo, conheça algumas estratégias para gerir as suas despesas, poupar nas despesas familiares e fazer uma gestão eficiente do seu orçamento.
1. Dificuldades em cumprir com o pagamento das prestações de crédito?
Recorde que para uma situação financeira saudável, a taxa de esforço não deve ser superior a 30% do rendimento do agregado familiar, sendo que qualquer valor acima deste pode significar risco futuro de incumprimento.
De acordo com o Banco de Portugal, a partir do momento em que “alerta a instituição de crédito para o risco de vir a incumprir, devido, por exemplo, a desemprego ou doença, o cliente tem direito a receber da instituição um documento que o informe sobre os seus direitos e deveres”.
Nesta situação, cabe à instituição de crédito analisar a sua situação financeira e, se vir que tem capacidade para cumprir com o pagamento em determinadas condições, deverá então propor soluções adequadas de pagamento para evitar esse mesmo incumprimento.
O importante é que esteja atento à sua situação financeira e alerte atempadamente a instituição de crédito para, juntos, encontrarem a melhor solução.
2. A sua moratória de crédito vai terminar?
Com o período pandémico que atravessamos surgiu a implementação de moratórias de crédito para ajudar as famílias que perderam parte ou a totalidade dos seus rendimentos. Com o fim das moratórias a aproximar-se, deve antecipar os efeitos no seu orçamento familiar.
Aqui aplica-se um dos princípios acima referidos: encontrar alternativas junto das instituições de crédito por forma a reduzir as prestações em dívida, como, por exemplo, a carência de capital, que permite durante um período de tempo pagar apenas o valor dos juros.
3. Renegoceie os seus contratos
Uma possibilidade é a renegociação de créditos. Com a alta competitividade e oferta no mercado bancário, poderá analisar as propostas, os spreads e outros encargos.
Por exemplo, se pediu um empréstimo para comprar casa, e uma vez que o dinheiro está mais barato e os spreads mais baixos, pode, por exemplo, transferir o seu crédito habitação para uma outra entidade que lhe ofereça melhores condições. Em alguns casos, todos os custos da transferência podem ser custeados totalmente pela nova entidade.
Se, por outro lado, tem vários créditos, considere consolidar todos num só, com uma única prestação mais baixa e melhores condições.E da mesma forma como pode renegociar um crédito, também poderá renegociar ou procurar alternativas para outras despesas fixas do seu agregado familiar, como por exemplo seguros, eletricidade ou serviços de telecomunicações.
No que respeita aos seguros (casa, carro ou saúde) poderá fazer uma análise de mercado pois a elevada competitividade neste setor traz muitas vezes ofertas mais adequadas às suas necessidades e condição financeira. O mesmo se aplica às telecomunicações, serviços de Internet e televisão, onde existem diversos fornecedores no mercado com uma vasta oferta que poderá ajustar à sua carteira.
4. Tem um PPR? Considere o seu resgate
Os PPR (Planos Poupança Reforma) são produtos financeiros concebidos para promover o aforro no longo prazo. Deste modo, aliam a flexibilidade dos produtos financeiros a regras restritas de movimentação e a benefícios fiscais muito interessantes.
No que respeita a situações de desemprego, e de acordo com a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões, o resgate de um PPR pode ser aplicável numa “situação de desemprego de longa duração do participante ou de qualquer dos membros do seu agregado familiar”.
5. Rendimento extra: conciliar com o subsídio de desemprego
A acumulação do subsídio de desemprego com atividade laboral é possível, no entanto obedece a determinados critérios. O intitulado Subsídio de Desemprego Parcial é um apoio destinado a quem se encontra a receber o subsídio de desemprego, mas tem a possibilidade de exercer uma outra atividade por conta de outrem com contrato a tempo parcial ou uma atividade independente.
Por exemplo, se tem um rendimento baixo e tem a necessidade de ter um segundo emprego, mas no entretanto perdeu o seu emprego principal, pode continuar a trabalhar pois não fica impedido de receber o subsídio.
Eis o que deve saber para estar elegível a receber o subsídio de desemprego parcial:
- O valor da retribuição do trabalho deve ser inferior ao montante do subsídio de desemprego no caso de trabalhadores por conta de outrem;
- O valor do rendimento anual do trabalho independente deve ser inferior ao montante do subsídio de desemprego. Para tal, considera-se o valor correspondente a “70% do valor dos serviços prestados ou a 20% do valor das vendas de mercadorias e de produtos, bem como das prestações de serviços efetuadas no âmbito de atividades hoteleiras e similares, restauração e bebidas, auferidos no ano civil imediatamente anterior”, de acordo com a Segurança Social.
Pode encontrar mais informações sobre o subsídio de desemprego parcial na página da Internet da Segurança Social ou no portal do Governo português.
6. Planeie o seu orçamento familiar
Acima de tudo, numa época tão desafiante para todos, é imprescindível fazer uma boa gestão do orçamento familiar. Deve considerar as despesas fixas mensais do seu agregado e, nos restantes gastos, deve procurar alternativas viáveis que não alterem a sua qualidade de vida, mas que sejam uma mais-valia para as suas finanças pessoais e familiares.
Aprenda a fazer um orçamento e tenha em conta que uma boa gestão financeira é a base para cumprir com todas as suas obrigações, mesmo em tempos adversos.
Outra ferramenta que o poderá ajudar neste processo é a Calculadora de Despesas, onde consegue organizar todas as suas despesas fixas e variáveis e analisar o potencial de poupança que pode ter no fim do mês.
Como referido anteriormente, a palavra-chave neste processo é “planear”, para tal tenha bem presentes todos os valores e despesas para poder ajustar o seu orçamento familiar às suas despesas, por forma a criar a criar um equilíbrio saudável.
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