O dinheiro ou, melhor escrevendo, a falta dele é um dos principais motivos para as discussões entre casais. Por isso, é fundamental jogar na antecipação através do diálogo para que se criem regras e apostar, também, na definição de limites para que seja possível ter e manter uma relação financeira saudável, duradoura e de confiança. Normalmente, os problemas surgem quando uma das partes quebra o acordo ou quando existe um período de maior privação.

E, quando já se está nesta fase, é muito mais difícil ter a cabeça disponível para se dar um passo atrás. O orçamento familiar faz parte da gestão da vida de um casal. Por isso, tal como em outros aspetos mais rotineiros, é necessário que ambas as partes estejam em sintonia. Eis algumas estratégias que deve passar a implementar no quotidiano para evitar conflitos maiores:

- Aposte no diálogo

"A falar é que a gente se entende" é uma das expressões populares mais sábias e não podia refletir melhor esta regra de ouro entre casais. O diálogo deve acontecer em todas as fases do relacionamento e sem medos. Muitas vezes, os conflitos acontecem exatamente porque uma das partes teve medo de falar e de expor um problema.

Para evitar potenciais mal-entendidos, sugerimos que, uma vez por mês, analisem em conjunto as contas do mês anterior, que reajustem o que for necessário e que definam prioridades para o mês seguinte. Este é um dos primeiros conselhos que dou.

- Valorize a transparência

Quando constituímos uma família, passamos a falar em nós em vez do eu e, na gestão financeira, essa deve também ser a abordagem. Não existe o meu nem o teu dinheiro mas, sim, o nosso. No entanto, isto não invalida que cada membro do casal tenha uma conta própria. O importante é que cada casal encontre o modelo mais confortável para ambos e que cada um cumpra com as regras previamente definidas, sem quebrar a confiança que foi estabelecida.

- Não tenha problemas em fazer cedências

Numa relação, há que fazer cedências. Não temos todos os mesmos objetivos, não gostamos só do que o outro gosta, nem pensamos sempre da mesma maneira. Em relação ao dinheiro, arranjar um meio termo é fundamental. Algo que é prioritário para um, pode não o ser para o outro.

Logo, é necessário acautelar ambas as partes e perceber que, se um membro é mais consumista do que o outro, não se deve ser radical nos limites impostos. Deve-se, sim, definir regras claras e adotar estratégias que evitem o acesso ao crédito fácil, para garantir um equilíbrio sustentável.

- Assuma os seus compromissos

A gestão do orçamento familiar deve ser uma responsabilidade partilhada. Ambos os elementos do casal devem estar envolvidos e informados sobre todas as entradas e saídas de capital, sobre as poupanças existentes, sobre os créditos realizados e também, ainda, sobre aquilo que é essencial e até mesmo acessório.

Diálogo, transparência, cedência e compromisso são elementos de base na gestão de qualquer relação afetiva. Por isso, se estes conceitos forem convenientemente aplicados à gestão financeira do casal, irão certamente contribuir para um orçamento financeiro equilibrado e exequível por ambas as partes, evitando, simultâneamente, as discussões que as desgastam.