Há cada vez mais portugueses obrigados a entregar as suas casas aos bancos por não conseguirem suportar a mensalidade. Neste momento, o incumprimento no crédito à habitação em Portugal é o mais alto desde que há registo. De acordo com o boletim estatístico de março do Banco de Portugal, em janeiro já havia 2,14 mil milhões de euros em crédito malparado relacionado habitação.
Há vários motivos que podem levar as famílias a deixar de conseguir fazer face às suas responsabilidades com o banco. Neste momento, o desemprego é uma das principais razões, mas outras situações inesperadas, como a doença, morte ou invalidez de um elemento da família, podem fragilizar a situação económica do agregado e levá-lo ao sobre-endividamento.
Tem um crédito à habitação, mas começa a sentir dificuldades em pagá-lo? Fique a conhecer as sugestões do Sapo para tornar a prestação mais suportável. Antes de mais, tenha em atenção que ao mexer nas condições do crédito provavelmente acabará por pagar mais do que tinha estipulado de início, mas a prestação mensal reduz-se. É uma questão de estabelecer prioridades.
Ao longo da vida do seu empréstimo, poderá querer alterar as condições do seu empréstimo, mas a renegociação só é possível se existir acordo entre o cliente e a instituição bancária.
As condições que pode querer alterar são, por exemplo, o spread, o prazo, a taxa de juro ou amortização.
1 – Amortizar o crédito
Esta é a melhor forma de reduzir o seu crédito, mas também a mais difícil de atingir se não tiver algumas poupanças. Caso tenha e sinta dificuldades em pagar a mensalidade, é aconselhável que amortize, pois irá refletir-se no valor que paga todos os meses.
A amortização antecipada tem um custo que varia consoante a taxa de juro aplicada. Nos contratos com taxa de juro variável a comissão é, no máximo, 0,5% do capital reembolsado. Nos contratos com taxa de juro fixa, paga até 2% do capital que é reembolsado.É aconselhável que o faça na data que coincide com o pagamento da prestação e avisar o banco com, pelo menos, sete dias de antecedência.
2 – Alargar o prazo
Quanto maior o prazo do empréstimo, menor a prestação e mais caro fica o crédito na totalidade, pois irá pagar mais de juros. Esta alternativa vai depender da sua idade. A concretizar-se irá baixar as suas despesas mensais, mas a longo prazo aumentam os encargos com o pagamento de juros.
Os bancos não podem cobrar comissões se o cliente pedir a renegociação do crédito, por exemplo, para alterar o prazo.
3 – Período de carência
Se estiver de tal forma aflita com as dívidas que o próximo passo é deixar de pagar, tenha calma porque existem alternativas. Pode negociar com o seu banco um período de carência. Uma prestação de crédito à habitação “normal” é composta por juros e capital. Se pedir um período de carência de capital, durante esta fase apenas paga os juros. A principal vantagem é reduzir a prestação durante este tempo. Atenção que se a taxa de juro indexada ao seu crédito for variável, a prestação pode oscilar ao sabor da economia.
Através desta modalidade, o empréstimo fica mais caro no total, uma vez que não amortizou a dívida durante este período.
Veja na página seguinte: Consolidar os créditos
Tem um crédito à habitação, mais um automóvel, cartão de crédito, um crédito pessoal e sente dificuldades a pagá-los? A consolidação pode ser única via possível. Juntar os créditos pode ser a solução, porque irá beneficiar de uma taxa de juro global mais baixa. Como nas alternativas anteriores, o crédito global fica mais caro, porque - a título de exemplo, estará a juntar um crédito automóvel, que normalmente se paga em cinco anos, a um crédito à habitação, que, regra geral, é pago no mínimo em 30 anos. Se tiver casa própria será mais fácil, pois dará o imóvel como hipoteca. Esta modalidade permite-lhe adiar o pagamento de uma parte da dívida para o final do prazo. Imagine este cenário: tem um empréstimo de 100 mil euros, a pagar a 30 anos. Caso decidisse diferir 10% do capital, estaria a deixar 10 mil euros para pagar no final do prazo – uma modalidade semelhante ao sistema leasing para comprar automóveis. Se precisa baixar a sua prestação durante bastante tempo, esta pode ser a sua solução. Tenha em atenção às desvantagens. A prestação baixa porque só paga juros sobre o final, mas estes arrastam-se ao longo do contrato, sem permitirem a sua redução. Além disso, precisa garantir que no final do prazo terá o dinheiro para pagar a parte da dívida que ficou para o fim. O spread é a margem de lucro dos bancos nos empréstimos. Se em tempos as instituições bancárias atribuíam spreads perto do 0%, nos dias que correm um spread inferior a 2% é quase impossível de alcançar. Se acha que o seu spread está elevado, peça uma redução. Tenha em atenção que os bancos não estão muito abertos a esta negociação, mas vale sempre a pena tentar. Se for um bom cliente, ou seja de baixo risco, poderá conseguir o objetivo. Uma redução no spread representa uma poupança avultada na prestação mensal. A responsabilidade editorial desta informação é da 4 – Consolidar os créditos
5 – Diferimento de capital
6 – Baixar o spread
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