Para quem está a iniciar-se no mundo dos investimentos é normal que venha a cometer alguns erros por falta de experiência. Afinal, muitas vezes acabamos a tomar decisões sem uma estratégia bem definida e o nosso próprio comportamento pode ser um entrave na hora de ter uma visão mais alargada sobre mercado financeiro. Por isso, e uma vez que os investimentos financeiros podem ser complexos, é importante saber o que são e que conhecimento base implicam antes de começar a investir.
Para ajudá-lo a prevenir alguns erros de iniciante, e que podem gerar algumas perdas, apresentamos-lhe alguns comportamentos que deve evitar enquanto investidor.
1. Aversão à perda nos investimentos
Se começou recentemente a fazer investimentos com o objetivo de rentabilizar uma parte das suas poupanças é normal que não queira pensar na hipótese de vir a perder uma parte do seu dinheiro. Até aqui tudo normal. O problema é que caso pretenda aumentar os seus investimentos no futuro, convém analisar melhor o seu comportamento e estar preparado para lidar com perdas e ganhos. E isto porquê? Porque a aversão à perda leva muitos investidores inexperientes ou com um perfil muito conservador a focarem-se exclusivamente nos riscos dos instrumentos financeiros. Claro que este é um ponto de análise fundamental e evita diversas situações que podem colocar em risco o dinheiro que investiu. No entanto, é preciso ter consciência que perdas a curto prazo podem não significar um mau investimento a longo prazo.
Ou seja, o que queremos dizer é que, se quiser ser um investidor com uma carteira de ativos variada, a sua aversão à perda pode condicionar bastante os resultados que poderia alcançar, pois o seu lado emocional terá tendência a boicotar a sua estratégia de investimento.
Por exemplo, imagine que tem alguns ativos em carteira, sendo a maioria de capital garantido ou de baixo risco. Mas, para diversificar o tipo de produtos em carteira, decidiu aplicar uma parte do seu dinheiro num ativo que tem a probabilidade de gerar um bom rendimento a longo prazo. Contudo, esse ativo a curto prazo tem desvalorizado ligeiramente, mas o seu histórico mostra que é um padrão normal desse instrumento, tendo uma forte probabilidade dessa desvalorização não ter impacto a longo prazo. Se vender esse ativo quando o seu valor for inferior ao preço que o adquiriu, aí realmente estará a perder dinheiro. Para além disso, irá contra a sua própria estratégia de investimento a longo prazo apenas por não estar disposto a perder momentaneamente algum dinheiro que poderia recuperar e até gerar lucro no futuro.
Claro que manter o ativo nem sempre é a solução indicada para todos os casos. No entanto, é fundamental que saiba que, no mundo dos investimentos, é normal ter ganhos e perdas. O mais importante é que a sua carteira de investimentos seja composta por diversos ativos consoante os seus objetivos, de forma a que os seus ganhos cubram eventuais perdas ao longo dos tempos.
2. Excesso de confiança e otimismo
Se por um lado a aversão à perda pode gerar problemas na hora de investir, o excesso de confiança e otimismo são ainda mais perigosos para os investidores. Por norma, o excesso de confiança e otimismo são comportamentos de investidores com pouca experiência, mas com alguns conhecimentos de literacia financeira e com um perfil mais arriscado. Nestes casos o que acontece é que ao terem alguns conhecimentos o foco passa a estar sobre os bons resultados dos ativos, mas existe uma desvalorização dos fatores menos positivos. E este tipo de comportamento é bastante perigoso, uma vez que pode facilmente gerar grandes perdas financeiras.
Por exemplo, se um investidor estiver a ponderar investir um determinado valor em títulos com uma rendibilidade variável, em que o histórico de flutuações tem diversos altos e baixos, é importante que as quedas desse ativo não sejam menosprezadas por excesso de otimismo e confiança. Caso assuma esse comportamento, não estará a investir de forma refletida e ponderada, mas sim a fazer apostas com base no seu otimismo e excesso de confiança. E é importante que saiba que investir é muito diferente de apostar em jogos da sorte, por exemplo. Os investimentos requerem uma análise exaustiva dos produtos financeiros e um acompanhamento dos resultados, de forma a não tomar decisões desinformadas ou com base na sua intuição.
Outra situação comum, e que demonstra como este tipo de comportamentos são perigosos, é a tomada de decisões com base em notícias ou artigos de opinião de determinados especialistas. Imagine que leu num meio de comunicação que o ativo x será o melhor investimento do próximo ano. Se ficar extremamente confiante por ter lido essa informação, que pode ou não ter algum fundo de verdade, o mais provável é que o seu otimismo e excesso de confiança não o façam analisar melhor esse produto financeiro. E nesse caso, pode vir a ter surpresas desagradáveis por não estar devidamente informado.
3. A impulsividade é inimiga no mundo dos investimentos
Tomar decisões por impulsividade, por norma, não é uma boa estratégia no mundo dos investimentos. Afinal, não é incomum ouvirmos falar de más decisões financeiras devido a compras e vendas de ativos precipitadas, seja por medo de perder dinheiro ou por ter obtido determinados ganhos. Claro que, numa fase inicial, é normal que os investidores com menor experiência cometam erros de análise e não pesem todos os fatores na balança antes de tomar uma decisão. No entanto, é importante que saiba que antes de comprar ou vender um produto financeiro deve ponderar diversos fatores, e não se limitar a tomar uma decisão impulsiva.
Por exemplo, um dos erros mais cometidos no mundo dos investimentos a curto prazo é a venda de ativos com uma margem de lucro baixa. Este tipo de decisão pode parecer a correta à primeira vista uma vez que se investiu um determinado valor e está a lucrar, e desta forma quer evitar a possibilidade de perder esse dinheiro. O problema é que existem custos e comissões que vão ter um impacto direto no rendimento obtido. E, após serem debitadas todas as comissões e ver o valor que terá que pagar de impostos, pode chegar à conclusão que não obteve lucro nenhum ou até ficou mesmo a perder dinheiro.
Por isso, analise bem todas as condições associadas aos seus investimentos, bem como os preçários das instituições ou plataformas onde faz os seus investimentos. Pese sempre na balança todos os prós e contras da compra e venda dos ativos, de forma a não tomar decisões impulsivas e pouco ponderadas.
4. Tomar decisões com base nos outros
Ao contrário do que se pode pensar, muitos investidores tomam decisões com base naquilo que outras pessoas estão a fazer ou já fizeram no passado. E, a verdade, é que este tipo de comportamento irracional leva na maioria dos casos a decisões pouco estratégicas e prejudiciais para os seus investimentos e até para o mercado financeiro. Mas vamos a exemplos concretos para que possa entender melhor.
Um dos exemplos mais conhecidos é quando vários investidores decidem vender ações ou outros produtos financeiros quando o mercado enfrenta um período de incerteza ou de instabilidade. Ou seja, o preço das ações ou de outros produtos financeiros entram em queda e a resposta a esse período é a venda desesperada dos ativos em massa num espaço de dias. Para além de ter um efeito extremamente nocivo para o mercado financeiro, são muitos os investidores que perdem bastante dinheiro com este tipo de comportamento. Embora em alguns casos esta até possa ser a decisão correta, em muitos outros esta é uma decisão sem qualquer tipo de fundamento que apenas é tomada porque outras pessoas assim o decidiram fazer.
Outro comportamento comum realizado por investidores com menos experiência é investirem em ativos que geraram um bom lucro no passado a conhecidos e a familiares. E, neste caso, esta decisão também pode não ser a mais correta. Afinal, um investimento que tenha gerado bons resultados no passado não significa que gere bons rendimentos no presente ou no futuro. É fundamental que a sua análise não tenha por base aquilo que aconteceu com outras pessoas, e sim as caraterísticas atuais de determinado produto e o estado do mercado financeiro atualmente.
5. Tomar decisões tendo por base a empatia
Atualmente, a informação chega até nós por diversos meios de comunicação, como a televisão, jornais, redes sociais e outros meios independentes. O problema é que, para muitas pessoas, a informação já vem filtrada com base nas nossas próprias preferências, devido a sugestões de conteúdo, resultado de termos acedido a determinadas páginas na internet. Isto significa que, na internet, muitas vezes só vemos informações de acordo com os nossos ideais, crenças e preferências. O que na realidade não é algo benéfico a nível de desenvolvimento pessoal e aumento de conhecimento.
E caso esteja a pensar que isto é uma realidade muito distante da sua, na verdade, a maioria dos seres humanos procura nos mais variados tipos de conteúdo uma confirmação das suas crenças. Por isso, é normal que quando tentamos aprofundar algum tema e aumentar os nossos conhecimentos, a primeira escolha passe por encontrar especialistas que estejam de acordo com a nossa opinião, mesmo que a fonte não seja a mais credível. No entanto, isto é um erro que pode trazer consequências graves no mundo dos investimentos.
O ideal é que quando esteja a procurar informações sobre investimentos, leia livros da especialidade, consulte opiniões de diversos especialistas credíveis com ângulos de abordagem diferentes e opiniões divergentes, bem como sites fidedignos de literacia financeira e investimentos. O objetivo é que tenha diversas fontes de informação credíveis para que possa ter acesso às mais variadas visões do mundo dos investimentos. Desta forma, será mais fácil analisar os diversos tipos de prós e contras de cada produto, do mercado, e das várias estratégias de investimento.
6. Pensar e ter objetivos apenas a curto prazo
Embora seja percetível que muitos investidores procurem um rendimento mais imediato, numa boa estratégia de investimento devemos delinear objetivos a curto, médio e a longo prazo. Para além de existir uma maior probabilidade de melhorar significativamente os resultados dos nossos investimentos, quando traçamos uma estratégia com uma visão mais ampla, conseguimos gerir melhor diferentes tipos de ativos e até minimizar eventuais perdas.
Se por um lado alguns investimentos a curto prazo oferecem menos riscos e rendibilidade, existem outros que, a longo prazo, podem ser interessantes de analisar, tendo em conta o seu grau de risco e a possibilidade de retorno ao fim de um determinado período. Claro que é importante que esta escolha seja feita de acordo com o seu perfil de investidor e numa análise detalhada de vários produtos consoante os seus objetivos. Por isso, reveja a sua estratégia de investimento e veja se está realmente a projetar os seus objetivos a curto, médio e a longo prazo.
7. Conservar ativos que outrora foram rentáveis
Por último, e como já referimos anteriormente, existem alguns investidores que têm a tendência de vender ativos de forma precipitada quando estes valorizam, mas também existem investidores que acabam por conservar produtos financeiros que outrora foram rentáveis, mas já não o são há bastante tempo.
Posto isto, é muito importante que, enquanto investidor, aprenda a evitar este tipo de comportamento, para não perder dinheiro desnecessariamente. No mundo dos investimentos existem riscos e perdas praticamente inevitáveis. Mas a verdade é que os investidores que analisam os seus ativos e acompanham regularmente os seus resultados, acabam por começar a aprender qual é o momento certo para manter um ativo ou vendê-lo.
Por isso, numa fase inicial, é fundamental que dedique algum tempo a alargar os seus conhecimentos ou até recorrer a entidades ou especialistas que o possam aconselhar na estratégia que deve seguir consoante o seu perfil.
Concluindo, não se esqueça de fazer uma análise ao seu comportamento enquanto investidor, pois a forma como pensa e age pode evitar alguns erros por falta de experiência. Caso precise obter mais informações sobre alguns produtos financeiros ou determinados investimentos, consulte o site da CMVM ou peça esclarecimentos junto de entidades financeiras credenciadas.
Lembre-se que o mundo dos investimentos requer alguns conhecimentos, e por isso mesmo, é preferível informar-se melhor antes de começar a investir do que tomar uma decisão impulsiva e cometer erros por falta de informação.
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