Uma pessoa que tenha encargos superiores (ou muito próximos) do valor dos seus rendimentos significa que está sobre-endividado. E pode ainda não ter falhado qualquer pagamento, mas, numa situação destas será uma questão de tempo até entrar em incumprimento.
A pandemia provocada pelo COVID-19 provocou a suspensão da atividade de muitos negócios e teve impacto nas finanças de muitas famílias que viram os seus rendimentos reduzidos. Muitas vezes é quando existe uma redução repentina de rendimentos que surgem complicações.
Quando estamos uma situação destas, ou se queremos antecipar que ela ocorra, o importante é agir para evitar entrar em incumprimento. O primeiro passo é saber o que se pode fazer para recuperar de uma solução financeira fragilizada.
1. Alerte as instituições financeiras
Se está a antecipar problemas, alerte as instituições financeiras com quem tem contratos de crédito a decorrer.
Há procedimentos que obrigam a que lhe sejam apresentadas soluções que evitem a entrada em incumprimento. Se alertar o banco sobre a possibilidade de deixar de conseguir pagar um crédito, deverá ser-lhe apresentado um plano de ação para o risco de incumprimento (PARI). Este procedimento foi criado no seguimento da última crise financeira e obriga a que as instituições de crédito e clientes negoceiem, evitando a chegada a tribunal.
Se avisar as instituições, e desde que se confirme que terá capacidade de pagar o crédito, consoante alguns ajustamentos, a entidade terá de encontrar uma solução de forma a evitar o pior cenário.
2. Reveja condições do crédito habitação
Antes de entrar em incumprimento, antecipe-se e procure soluções que lhe permitam cumprir com os pagamentos. Fale com o banco e avalie, por exemplo, um aumento do prazo do seu crédito. Ou verifique se lhe poderá ser concedida uma carência de capital, o que significa que durante os meses acordados com o banco não pagará, por exemplo, uma parte da prestação. Outra solução pode passar pelo diferimento de capital, que implica deixar para o final do contrato uma parte da dívida.
Qualquer uma destas soluções implica que o crédito vai ficar mais caro. Mas há mais opções.
Analise quais são as condições que tem no seu crédito e perceba o que está a ser praticado no mercado. Se verificar que poderá conseguir condições de financiamento melhores fale com o seu banco. Se não ficar satisfeito com as condições que lhe apresentarem procure soluções alternativas. Desde que não tenha entrado em incumprimento poderá procurar propostas na concorrência.
3. Reveja contratos de serviços
Quanto paga de luz? De gás? E de telecomunicações? Dê uma volta geral às suas despesas gerais e analise outras ofertas que possam estar a ser praticadas no mercado.
Veja com atenção as diferentes tarifas e pacotes, use simuladores, analise sites de vários fornecedores de serviços e perceba o que poderá poupar com uma eventual troca.
Por pouco que seja a diferença no final do mês, é como diz o ditado, “grão a grão, enche a galinha o papo”.
4. Analise a sua carteira de seguros
A maioria das famílias tem seguros subscritos. Se tem casa própria, com ou sem crédito, terá seguros. Reveja com a instituição onde os subscreveu e questione a possibilidade de reduzir o prémio. Ou procure noutras seguradoras. Mesmo que tenha um crédito a decorrer pode compensar mudar.
Para além disto, muitas famílias têm ainda seguro de saúde e seguro automóvel. Há quanto tempo não revê as condições e as coberturas que está a pagar? Verifique a sua carteira de seguros, pois esta decisão pode também significar uma poupança.
Dependendo da situação, se tiver vários seguros, pondere negociar com uma seguradora os seguros todos.
5. Junte todos os créditos
E no caso de ter vários créditos, nomeadamente cartões de créditos e créditos pessoais, avalie a possibilidade de fazer uma consolidação. Esta solução implica contrair um crédito para saldar todos os financiamentos que tem a decorrer. Ou seja, passa a ter apenas um empréstimo, uma única prestação e condições que se revelam melhores. Antes de avançar, analise as vantagens e desvantagens do crédito consolidado.
Estar numa situação de sobre-endividamento requer uma atenção especial. É preciso ter noção real das finanças e agir o mais depressa possível. Por norma, estas situações complicam-se e acabam em incumprimento. O truque é rever todos os encargos antes que esta situação se materialize.
Comentários