Se a resposta às perguntas acima é sim, então saiba que uma parte significativa desta opressão é gerada por nós próprios. Falo por experiência própria. Durante um período longo estive exposto ao stress intenso, a nível profissional, e desenvolvi comportamentos que desencadearam episódios de pânico e ansiedade generalizada.

Segundo o Departamento da Ciência do Comportamento, da Universidade de Duke, nos EUA, quando os nossos sentimentos atingem um nível elevado de frustração e raiva desencadeiam um conjunto de mudanças fisiológicas no corpo, sem que tenhamos consciência deste processo. A reação emocional causa uma descarga enorme de adrenalina e de cortisol (esta última, hormona responsável pelo stress e pela resposta fisiológica às situações de perigo, ativa o mecanismo primitivo de sobrevivência - luta ou fuga).

A partir do momento em que ficamos em stress, ficamos em “piloto automático” acelerado, disparamos em todas as direções. Eis alguns exemplos de um dia típico: acordamos sobressaltados, vamos na fila do trânsito frustrados e zangados, porque nesse dia, há mais trânsito do que o costume, levamos os filhos à escola a correr para não chegar atrasados e a pensar na agenda do dia (prioridades, tarefas, reuniões, pessoas, etc.), quando chegamos ao trabalho, os níveis de adrenalina atingiram um nível elevado, estamos em estado de alerta. Normalmente, à  hora do almoço, o nível de frustração é elevado, ficamos reativos e/ou impulsivos. Somos seres de hábitos, e sobre alguns deles não possuímos consciência dos seus efeitos.

Como estamos em “piloto automático” acelerado, uma voz muito tímida, dentro de nós, alerta-nos e apela ao bom senso, sugere reduzir o ritmo excessivo. Todavia, o efeito é precisamente o oposto, ficamos ainda mais frustrados, desapontados e ressentidos. Quando estamos em piloto automático acelerado, quem é que gosta de ser criticado? Perante a auto critica ficamos defensivos, interpretamos isso como baixar a guarda, “matar” a anergia e/ou sentir-se culpado. O ritmo acelerado reforça a perceção do perigo, motivo pela qual ficamos incapazes de monitorizar os níveis de tensão, opressão; é tudo urgente e importante.

O que é que podemos fazer diante da pressão geradora de stress?

Mudamos a situação ou mudamos a nossa reação (atitudes e comportamentos).

Numa escala de 1 (reduzido) a 10 (elevado) qual é o nível da tensão/opressão no dia a dia?  Precisamos de supervisionar as nossas funções executivas:  gestão do tempo, discernimento, controlo de impulsos, organização e pensamento critico.

No dia a dia, reduza a (hiper) tensão e experimente uma abordagem mais organizada e mais disciplinada. Desacelere adquirindo mais lucidez na gestão da pressão. Vivencie os sentimentos com mais gozo e melhore a qualidade dos relacionamentos interpessoais. A literacia emocional reforça a capacidade em pensar e sentir, de prever as situações, usar sabiamente o tempo e promove a comunicação com as outras pessoas.

Sabemos que é mais fácil dizer do que fazer, mas não são os nossos pensamentos e sentimentos que tomam as decisões mais importantes, somos nós próprios: assuma o controlo da sua vida. Stress? Não, obrigado!

"Pensar é fácil. Agir é difícil. Agir conforme o que pensamos isso ainda o é mais." Goethe

Por João Alexandre Rodrigues
Addiction Counselor
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