Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa, a palavra sabotar significa “Destruir, danificar, deteriorar voluntariamente (…) ”.

O que é que sabotar tem a ver com a arte de bem-viver? Já alguma vez questionou determinada conduta: “Porque é que eu fiz isto?” ou “porque que é que eu não consigo atingir os meus objetivos?” ou “mas isto já me aconteceu mais do que uma vez... o que é que se passa comigo?”

Acontece com demasiada frequência, apesar de muitas vezes ser inconsciente e, tendencialmente, direcionarmos para os outros a culpa, a frustração e arranjarmos um “bode expiatório” – culpamos coisas, situações e pessoas, em vez de olharmos para nós mesmos, através de uma compreensão mais objetiva e especifica.

Mas, se conseguirmos ser mais honestos, se estivermos mais atentos ao feedback das pessoas de confiança e se conseguirmos monitorizar os padrões de crenças, comportamentos e os seus efeitos, iremos certamente identificar determinados comportamentos que visam sabotar a arte de bem-viver. Simplificando, todos nós possuímos dois tipos de pensamentos – diálogo interior, que vulgarmente apelidado de “diabinho” e o “anjinho” ou “ o tico” e “ o teco” e que os psicólogos designam o “diabinho” de “critical inner voice”.

Segundo o Dr. Robert Firestone, o “critical inner voice” não reforça um sentido positivo de nós mesmos, e não podemos confiar nele. Sintetizamos uma parte de nós que é cruel e que se revolta contra nós. Lança dúvidas e contradiz as nossas intenções sobre as competências, mina os nossos desejos e elabora estratégias que nos convencem que precisamos de ser desconfiados e paranóicos, quer seja em relação a nós próprios, assim como, em relação às outras pessoas. Este sistema elaborado de pensamentos excessivamente auto críticos reforça a auto censura visa sabotar os nossos objetivos, relacionamentos e os sonhos.

- Os pensamentos excessivamente auto críticos reforçam a censura, a desconfiança, a frustração e o medo, a ansiedade, o sentimento de culpa e a vergonha.

- Os pensamentos excessivamente auto críticos de auto censura reforçam e minam os relacionamentos íntimos com as outras pessoas.

Os pensamentos excessivamente auto críticos de auto censura são uma barreira à concretização de objetivos e à vida plena. Ficamos aprisionados num tipo de bolha; somos meros espetadores, em vez de intervenientes ativos no processo de mudança de atitudes e comportamentos.

O “critcal inner voice” é oriundo e gerado durante a infância no relacionamento com os pais e/ou pessoas significativas, por exemplo, professores, treinadores. Interiorizamos estas mensagens e afirmações excessivamente críticas, que recebemos durante o período crucial do desenvolvimento, em especial o período da construção da personalidade e da socialização.

A má notícia é que não é possível mudar o passado. A boa notícia é que, como adultos autónomos, conseguimos identificar e compreender as dinâmicas deste tipo de sistema de crenças disfuncionais associada ao diálogo interior.

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Dicas para compreender a monitorizar os pensamentos de auto censura

- Procure identificar e monitorize a frequência e a intensidade das crenças e dos padrões associados ao “diabinho”: pensamento crítico de autocensura, de desconfiança, de frustração, ansiedade, sentimentos de culpa e a vergonha. A princípio, pode revelar-se desconfortável, porque este sistema de pensamentos, excessivamente auto críticos de censura, encontram-se de tal forma enraizados, que você poderá questionar, visto ter sempre agido com base neste tipo de crenças disfuncionais, como fazendo parte de si próprio.

Estas crenças enraizadas conseguem moldar os pensamentos e os sentimentos. Você atribui facilmente a culpa e a frustração a si próprio? Ou identifica a tendência excessiva e agressiva para culpar pessoas, situações e coisas à sua própria frustração? Considera-se uma vítima dos outros?

- Faça uma lista das características negativas e positivas dos seus pais. Caso você não conheça os pais biológicos, faça uma lista das pessoas mais significativas (mentores). De seguida faça a mesma lista, mas refira-se às suas próprias características (negativas e positivas). No final compare e procure semelhanças e as diferenças entre as características dos seus pais e das suas.

- Evite relacionar-se com pessoas com problemas de gestão da raiva, do ressentimento e da frustração. Isto é, pessoas que impulsivas e agressivas, que humilham e culpabilizam. Nos relacionamentos de intimidade, faça a distinção entre a comunicação saudável e construtiva e comunicação disfuncional e agressiva. Fomente o diálogo aberto e honesto, isento de agressividade, pratique a assertividade. Para haver agressividade num relacionamento é preciso haver duas pessoas.

- Desafie o sistema de crenças de auto censura que visam boicotar a vida plena. Provavelmente, este sistema funcionou com uma defesa, durante muitos anos enquanto crianças e adolescentes, a fim de nos proteger da dor da separação, da frustração e da inadequação, mas mais tarde, como adultos, constatamos que são uma fonte de dor e sofrimento.

"Nós mesmos somos o nosso pior inimigo. Nada pode destruir a humanidade, mas a própria humanidade." Píerre Teilhard de Chardin
João Alexandre Rodrigues

Addiction Counselor

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