Se o prazo derrapa começamos a sentir-nos diferentes, porque as primas, as colegas, as amigas já encontraram alguém, algumas até já casaram, mas a mim não me acontece, porquê? Não sou digna? Não mereço? E eis que se inicia um período de dor complemente escusado.

É curioso, temos medo de ser diferentes porque temos medo dos comentários dos outros. A nossa auto-estima é frágil a este ponto; qualquer comentário nos abala, seja ele de alguém que nos é caro, seja de alguém que mal conhecemos. Qualquer mera opinião - porque é só mesmo de uma opinião que se trata - afecta-nos, melindra e vai corroendo-nos devagar, subtilmente. Vai minando a nossa fé em nós, na vida e vamo-nos fechando, fechando e fechando até quase não deixarmos entrar a Luz. Tornamos-nos sombrios, tristes, descrentes, em alguns casos até invejosos e rancorosos - a vibração baixa e com ela baixa a possibilidade de estarmos no nosso potencial, e só entanto bem connosco iremos encontrar a pessoa certa - e não a perfeita! - que nos irá acompanhar, fazer crescer e tornar-nos melhores. E, desenganemo-nos, essa pessoa vai magoar-nos, tal como nós magoaremos essa pessoa! Ela vai falhar, tal como nós vamos falhar! Ela vai, às vezes, dizer-nos o que não queremos ouvir; Ela vai, às vezes, ausentar-se quando mais precisarmos; Ela vai estar frágil quando precisamos dela… porque essa pessoa é apenas humana.

Estamos na era do facilitismo em que, ainda por cima, os homens deixaram de ser os predadores e as mulheres deixaram de ser um bem adquirido. Estamos em plena mudança de paradigma que irá levar muito tempo a ser a integrado e vivido harmoniosamente.

As relações sucedem-se rapidamente e, tantas vezes, pelas razões erradas. Ou acontece o oposto, fechamo-nos até termos a certeza de que encontrámos a pessoa certa… A questão aqui é que temos mesmo que viver as relações para termos a certeza se são as certas ou não. O que queremos - e eu verifico isso tantas vezes nas minhas consultas - é que queremos ter a certeza absoluta que essa relação vai dar certo, sem que se tenhamos feito nadinha. O medo do sofrimentos torna-nos assim irracionais.

Quem é quem nas relações e, logo, na sociedade? Qual é o meu papel? O que é suposto fazer? Estas interrogações têm um peso enorme. Todos sentimos esta mudança, seja de forma mais consciente ou menos.

Como podem estar as nossas relações saudáveis? Será que alguma vez estiveram? Um dia estarão. Eu acredito piamente nisto. Não vai ser nas próximas gerações, possivelmente nem será sequer nesta dimensão, mas, um dia, todos nós estaremos espiritual e emocionalmente maduros o suficientes para encontramos o Amor. Mas este será um Amor muito distinto do que conhecemos até aqui; será um Amor incondicional e desinteressado no sentido de não ter nada por detrás. Não há solidão, não há medo, não há dependências nem necessidades nem ansiedade nem pressão. Iremos, apenas, Amar porque aquela pessoa nos torna ainda mais completos, porque ao olharmos para aquele ser a nossa alma se ilumina, porque os braços daquele ser encaixam na perfeição no nosso corpo. Apenas (?) isso…

Amor é, talvez, uma requintada mistura de respeito, confiança, amizade, admiração, tesão, complementaridade e coragem. Senão tiver estas (ou outras virtudes semelhantes) talvez não seja real, talvez não seja Amor.

Será que as nossas relações, passadas e actuais, têm o que é preciso para crescerem e manterem-se saudáveis?

Perante esta constatação eu pergunto: Como podemos amar quem não nos ama?

Como pode o Amor crescer sem que seja alimentado por ambos? Não pode.

Uma relação saudável é uma relação equilibrada onde se dá e se recebe não na mesma medida, mas numa medida justa e harmoniosa para cada dupla. Esta sim, será uma dupla evolutiva.

By Vera Xavier

Taróloga, formadora e palestrante

Tarot & Life Coaching

veraxavier@tarotdeisis.com