O primeiro, aquele que afeta a maioria, é o mito da voz formal. Ligue-se a câmara, apontem-nos o microfone, ligue-se o gravador, e lá aparece o complicómetro. Temos de parecer inteligentes, soar inteligentes.

A voz fica monocórdica, a tensão evidente em todo o corpo e as palavras... bem, no limite tornamo-nos maçadores.

O tema mais simples ou o mais caricato, é descrito em frases longas, sem conclusão. As ideias ao invés de simples, são enriquecidas com advérbios, qualificadores, que disfarçam a ação, a conclusão.

Baralhamos os outros. Aqueles com quem queremos falar e que queremos que nos ouçam, que nos recordem, ficam enredados e perdidos. Até desistirem de acompanhar o discurso confuso.

Somos humanos. Gostamos da proximidade a outras pessoas. Para quê complicar então?

Para melhor chegar à outra parte, podemos ser tão simples quanto seríamos a resumir uma ideia a um amigo, a uma criança. Basta sabermos que quanto mais diretos formos mais depressa nos acompanham. Quanto melhor fecharmos ideias, mais assertivos conseguimos ser.

Simplificar pode desfazer efetivamente o mito da voz formal. Pode criar uma nova forma, mais eficiente, de chegar ao outro. De comunicar, portanto.

Texto: Cláudia Nogueira

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