O mundo atual inunda-nos por sons durante todo o dia, uns agradáveis outros nem por isso. É difícil prestarmos atenção à nossa própria experiência com tanto ruído à nossa volta. Além disso, vivemos maioritariamente em "Modo Fazer" em detrimento do "Modo Ser" ou "Estar" e com isto vamos nos distanciando de nós próprios, perdendo o tempo necessário para nos escutarmos.
Está provado que momentos diários em silêncio estimulam o crescimento cerebral, aumentam a capacidade de atenção, bem como são mais relaxantes do que ouvir música. Períodos de silêncio diários promovem também uma boa higiene de sono. A Organização Mundial de Saúde chegou a equiparar a poluição sonora a uma praga, uma vez que aumenta a probabilidade de stress e de doenças cardíacas.
O silêncio é sempre necessário, em particular quando precisamos de resolver um qualquer conflito interior ou tomar uma decisão importante, ou seja, o silêncio é importante para nos escutarmos. Contudo, geralmente o silêncio é visto como algo negativo, ambíguo e incerto. Muitas pessoas fogem do silêncio porque não toleram a falta de ruído e as pausas, sentindo que não estão a fazer algo de produtivo. Outras, por não descodificarem o significado do silêncio do outro ficam a ruminar sobre o que o silencioso estará a pensar ou a sentir. Todos nós temos necessidade de períodos de maior reflexão, de atenção à nossa experiência interior, aos nossos pensamentos, emoções e sensações e o silêncio potencia estes momentos.
Como qualquer sintoma psicológico o silêncio será preocupante quando persistir durante muito tempo na maioria dos contextos (pessoal, familiar, social, profissional), ou seja, quando o silêncio for a forma de comunicação primordial.
Catarina Barra Vaz
Psicóloga clínica e educacional
Responsável pela Psinove Oeiras
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