Se amanhã tiver necessidade de ser anestesiado, sabe quais as vantagens e riscos de cada tipo de anestesia? Prepare-se agora, lendo já de seguida informações básicas sobre os dois principais tipos de anestesia. Fique a saber como actuam e que tipos de risco envolvem.

Anestesia geral

«Provoca a inconsciência total, através da administração combinada de fármacos hipnóticos e analgésicos por via inalatória e intravenosa. Controla-se a dor, induz-se amnésia e relaxamento muscular. O doente deixa de respirar por si mesmo, sendo ligado, na maioria das vezes, a um ventilador (embora possa, por vezes, manter-se em respiração espontânea com apoio de uma máscara). É necessário estar em jejum seis horas antes da intervenção», esclarece Lucindo Ormonde, presidente da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia (SPA).

Em termos práticos, todos os doentes, com mais ou menos riscos, podem ser sujeitos a este tipo de anestesia na qual podem ocorrer diversas complicações, desde as menos graves até outras mais importantes, como a embolia pulmonar, a paragem cardiorespiratória, as alergias e as reacções adversas aos fármacos anestésicos ou até o coma irreversível e a morte.

«O risco de qualquer uma destas complicações é minimizado pela prevenção (consulta de anestesia e visita pré-anestésica) através de uma preparação cuidada do doente, procedimentos de segurança durante a operação e pós-operatório bem organizado», assegura Lucindo Ormonde.

Anestesia loco-regional

Consiste em insensibilizar apenas a zona sobre a qual será realizada a intervenção. «Distingue-se da anestesia local por a injecção do anestésico ser feita a alguma distância do local da cirurgia (por exemplo, na região da axila, no caso de uma operação à mão, ou anestesia epidural no caso de uma cesariana).»

O paciente permanece consciente. «Pode ser combinada com sedação (administração de sedativos por via intravenosa para que se permaneça tranquilo durante a intervenção)», indica o especialista.

Todos os doentes com indicação e que não se recusem podem ser submetidos a este tipo de anestesia. «Existem algumas excepções, como por exemplo, os doentes em determinadas circunstâncias e que estejam a ser medicados com terapêutica anticoagulante.»

Este tipo de anestesia é muito importante sobretudo na cirurgia ortopédica e obstétrica. «A analgesia por via epidural ou raquidiana pode ultrapassar as 12 horas, o que quer dizer que o doente não sente dores no pós-operatório imediato (geralmente o período mais doloroso). A possibilidade de colocação de um cateter no local da anestesia proporciona uma analgesia mais efectiva para o doente, por possibilitar a administração contínua do analgésico», diz-nos Lucindo Ormonde.

Entre os possíveis inconvenientes desta anestesia encontra-se a instabilidade emocional do doente, com agitação durante o procedimento. «Muito raramente, existem lesões nervosas, cefaleias e outras facilmente revertidas», indica o anestesiologista. Por outro lado, «situações de mortalidade ou lesões permanentes são estatisticamente muito inferiores comparadas com a anestesia geral», conclui.

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Texto: Cláudia Pinto com Lucindo Ormonde (presidente da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia)