Tradicionalmente, este tipo de cirurgia é feito por cirurgia aberta. E o número de complicações pós-cirúrgicas não é despiciendo. Esta cirurgia é das mais complexas e que mais complicações traz, quando é feita pelo método tradicional. Para que se perceba, 30 a 50% dos pacientes apresentam complicações no pós-operatório. É uma taxa elevada. E falamos de complicações sérias, como eviscerações - saída de vísceras abdominais para o exterior - ou infeções da parede intestinal.

Porém, todas estas complicações desaparecem quando falamos de cistectomias por via laparoscópica. Todas. O que transforma esta cirurgia numa história de sucesso, com uma melhoria espantosa na qualidade de vida dos doentes: «Simplesmente não há complicações ou são extremamente raras.

Além disso, com a cistectomia feita da forma tradicional, as pessoas ficavam internadas entre 15 dias a um mês, e com a laparoscopia ficam apenas 7 dias. Também há diferenças no que diz respeito à pausa alimentar. Nas cirurgias por barriga aberta, os doentes ficam sem comer 5 dias. Na cistectomia por via laparoscópica no dia a seguir estão a retomar a alimentação.

Além da remoção da bexiga propriamente dita, cria--se neobexigas na maior parte dos doentes. Ou seja, criam-se bexigas a partir do intestino. Assim, o doente fica com uma bexiga nova, em vez do tradicional (e muito incómodo) saco externo.

Os doentes mantêm-se continentes e passados 7 dias estão em casa, com uma vida perfeitamente normal. Quando os médicos fazem neobexigas através da cirurgia tradicional, as complicações do pós-operatório são significativas.

No dia 10 de março de 2014, realizou-se a primeira cistectomia radical por via laparoscópica no Hospital Lusíadas no Porto. O doente, de 52 anos, tinha um cancro da bexiga músculo-invasivo e, além da cistectomia radical, foi ainda realizada a construção de uma neobexiga com intestino delgado.

A cirurgia foi um sucesso e o doente não pode estar mais feliz com o resultado. O doente estava em casa ao fim de sete dias, continente, sem perder urina de noite ou de dia, contente da vida. Isto dá, de facto, uma grande satisfação.

Por Estevão Lima, Médico Urologista no Hospital Lusíadas Porto