Quando falamos de defesas não estamos a restringir-nos ao sistema imunológico, um mundo muito complexo no interior do nosso organismo que nos defende de vírus, bactérias «más» ou de qualquer outro agente patogénico que nos possa fazer adoecer.

Há muitos órgãos que participam neste sistema: a pele, o baço, o timo (um órgão por trás do esterno), os gânglios linfáticos...

Os leucócitos ou glóbulos brancos do sangue (produzidos pela medula óssea) são os mais conhecidos, mas também existem linfócitos B (os que criam anticorpos), macrófagos, neutrófilos, etc. O sistema é tão complicado que, hoje em dia, continua a ser objecto de estudo e a levantar controvérsias. Uma delas é a forma como podemos actuar para melhorar este sistema imunológico.

Os especialistas explicam que, mais do que subir as defesas, devemos reforçá-las, porque o sistema deve estar equilibrado, não ter nem mais nem menos do que é suposto.

Por exemplo, numa análise ao sangue, os seus leucócitos não devem estar abaixo de 3,90 glóbulos brancos/mcl (células por microlitro), nem acima de 10 glóbulos brancos/mcl. Após uma infecção, podemos ter os glóbulos brancos um pouco baixos, mas um organismo saudável recupera esses níveis logo de seguida e sem problemas.

É muito importante que tudo ande sobre rodas no nosso sistema imunológico porque, de forma contrária, provoca infecções de todo o tipo e até é possível que se produzam alguns tipos de cancro.

Sintomas de que algo não está bem

Há alguns sintomas que lhe dão pistas. Por exemplo, se não pára de ter constipações umas atrás das outras, se as suas feridas não cicatrizam bem, se sofre de gastroenterite com recorrência, se as suas vias respiratórias estão constantemente afectadas...

Por outro lado, sentir-se cansado, não dormir bem, etc. não são propriamente sintomas que indiquem que tem as defesas debilitadas, mas sim de uma situação de stress que, por sua vez, é um dos maiores inimigos do sistema imunológico.

Assim, de certa forma, é possível estar alerta se estiver a passar por algum quadro concreto deste tipo. Às vezes, temos de dar uma mãozinha às nossas defesas com antibióticos, antivirais e outros medicamentos (sempre com indicação do médico).

As vacinas, por exemplo, são uma forma de garantir que o sistema imunológico aprende a lutar contra determinadas doenças. É como se gravássemos, na memória das defesas, informação privilegiada para actuar contra a varicela, o sarampo ou a rubéola, por exemplo.

O nosso sistema imunitário aprende algo novo sempre que contrai uma infecção e regista esse material para se preparar para um possível segundo ataque.

Um alerta importante: Os microorganismos patogénicos são capazes de criar novas estratégias ofensivas para que as nossas defesas não os reconheçam, e, se abusamos de medicamentos ou não terminamos de tomar o tratamento indicado pelo médico, tornam-se mais resistentes a essas soluções e, da próxima vez que nos afectarem, não serão resolvidos com o mesmo fármaco.

Podemos melhorar as nossas defesas?

A saúde das nossas defesas depende de muitos factores, como o genético. Se tivermos bons hábitos e uma alimentação equilibrada, estaremos a reforçá-las ou, pelo menos, não as estaremos a destruir.

Existem vários alimentos funcionais que asseguram a melhoria das nossas defesas mas uma alimentação equilibrada e variada é uma das melhores maneiras de nos mantermos fortes. E, obviamente, hábitos saudáveis.

Estes são alguns inimigos do nosso sistema imunológico:

Tabaco

Ao que parece, se fumarmos, o sistema imunitário debilita-se ao ponto de não ser capaz de travar ou eliminar determinados processos cancerígenos. Na verdade, está demonstrado que este agente destrói a vitamina C.

Stress

Não um pouco de tensão pontual, mas sim stress contínuo. As razões pelas quais as defesas funcionam mal em períodos de stress ainda não são muito claras. O que se sabe é que, se padecermos deste problema, destruímos parte da vitamina C, porque a usamos para outras funções.

Esta vitamina é o «alimento» de algumas defesas. Para além disso, a falta de descanso que o stress provoca não deixa que o sistema recupere.

Vida sedentária

Se fizermos exercício moderado, as nossas vias respiratórias ficam como novas e, para além disso, está demonstrado que rejuvenesce o sistema imunológico cerca de 20 anos (estudo efectuado pela Universidade Complutense de Madrid) e evita constipações.

Adicionalmente, a vida sedentária traz consigo o aumento de peso, outro inimigo das defesas.

Para saber que alimentos o tornam mais forte e saudável clique aqui.

Texto: Madalena Alçada Baptista com Pedro Lôbo do Vale (médico de Clínica Geral e docente no Mestrado de Nutrição da Faculdade de Medicina de Lisboa)