Como dizia Voltaire, os ouvidos são o «caminho do coração», uma vez que nos trazem sons tão especiais como a voz de quem gostamos, o choro de uma criança ou uma canção especial.
Mas atenção: ouvir música faz-nos bem, é verdade, mas sempre num volume adequado.
«Se for escutada em níveis de volume muito elevados pode provocar danos, pelo que se deve tentar evitar a permanência junto a colunas de som (em casa, numa discoteca ou num concerto) ou sempre que haja grande volume sonoro, principalmente em espaços fechados», alerta João Olias, otorrinolaringologista.
Pequenos indícios
Há queixas que não deve desvalorizar e que justificam uma ida ao médico. Se, por exemplo, se apercebeu de uma diminuição na audição que se prolonga há já algum tempo, marque uma consulta de otorrinolaringologia pois pode, por um lado, tratar-se de um problema tão simples como o ouvido estar tapado pela cera mas, por outro, pode denunciar situações mais graves.
Outra queixa frequente e perigosa é a presença de zumbidos no ouvido. Esta situação está relacionada com as células cilíadas, existentes no ouvido interno. Quando danificadas, emitem ruídos perceptíveis pelo indivíduo como um «barulho dentro do ouvido». Se for ruído intenso, este zumbido pode ser incapacitante.
Tonturas e vertigens
O ouvido, na sua zona interna, possui um labirinto dividido em duas secções: uma é responsável pelo equilíbrio e outra pela audição. Por isso, se tiver queixas de desequilíbrio, tonturas ou vertigens, isso pode significar a existência de problemas ao nível do ouvido interno.
As dores de ouvidos, por seu turno, podem também justificar uma ida ao médico. Se associadas a doenças infecciosas ou inflamatórias, como constipações, são normais, mas, se forem persistentes, convém ser examinada por um especialista.
Ouvidos e água
Quem passa muito tempo na água, ou porque faz natação ou pratica desportos náuticos, fica mais sensível a infecções. «Estas ocorrem porque a água da piscina é muito alcalina, altera o pH da pele e os micróbios podem desenvolver-se, provocando inchaços e dores», explica João Olias.
Assim, se vai à piscina ou passa muito tempo dentro de água, tome algumas precauções: os tampões para os ouvidos são uma hipótese, pois não deixam a água entrar no ouvido, no entanto, «não são imprescindíveis quando não há problemas de saúde».
As toucas impermeáveis, que tapam as orelhas, também podem ser úteis. Finalmente, quando sair da água, deixe-a escorrer naturalmente, inclinando a cabeça. Se sentir que o ouvido está muito húmido «pode lavá-lo com algumas gotas de álcool a 70º», refere o especialista, mas, «só se não existir nenhum problema de saúde, como perfuração do tímpano ou outro».
Limpeza
Como afirma João Olias, «Não temos de nos preocupar com a limpeza dos ouvidos, pois eles possuem um sistema de autolimpeza». E a cera tem um papel fundamental, pois «como é muito ácida, dificulta a existência de micróbios, evitando infecções», acrescenta o otorrinolaringologista.
Mas se está habituada a utilizar uma cotonete, seja cuidadosa: enfie-a apenas até onde chegaria o seu dedo, ou seja, na parte exterior. Absolutamente proibida está a utilização de «ganchos ou quaisquer outros objectos que se enfiam no ouvido para tirar cera».
Dor de ouvido na infância
É frequente as crianças queixarem-se de dores de ouvidos, sendo que a causa mais comum é a otite, uma infecção.
As otites médias podem ser produzidas durante uma constipação, quando a infecção alcança o ouvido médio, e podem provocar dores, febre e saída de pus ou mucosidade pelo ouvido.
Já as otites externas são originadas pela humidade, calor e feridas na pele na entrada do ouvido. É comum ocorrerem no Verão ou afectarem os praticantes de natação. Geralmente causam comichão, dores e, por vezes, saída de líquido pelo ouvido.
Se a criança mexe com muita frequência no ouvido ou se lhe dói quando toca na orelha é provável que tenha uma otite. Se o seu filho ainda não completou dois anos e se queixa de dor de ouvido, acompanhada de febre, deve levá-lo ao médico.
Sons perigosos
A exposição prolongada a qualquer som acima de 85 dB leva à perda de audição gradual
- Sussuro: 30 dB
- Conversa normal: 60 dB
- Trânsito em hora de ponta: 85 dB
- Mota: 95 dB
- Aparelhagem áudio pessoal no máximo: 105 dB
- Concerto rock: 110 dB
- Sereia de ambulância: 120 dB
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Texto: Alexandra Pereira com João Olias (otorrinolaringologista)
A responsabilidade editorial desta informação é da revista
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