Um estudo experimental feito com ratos poderá ter levantado o véu sobre o tratamento desta doença. Um grupo de cientistas britânicos dedicaram-se a estudar como é que os animais, geneticamente modificados, respondiam à inexistência do Nav1.7, um canal de sódio que transporta a substância através do sistema nervoso e que é responsável pela sensação de dor.

Os cientistas descobriram que os ratos que nasceram artificialmente sem o Nav1.7 produziam doses anormais de opioid peptides (analgésicos naturais produzidos pelo corpo) ou seja, o dobro do que um rato normal.

Em seguida, decidiram travar a produção de opioid peptides, através do bloqueante Nav1.7 conhecido como Naloxone e descobriram que os animais conseguiam sentir dor. Os mesmos resultados foram experienciados por mulher de 39 anos que tomou Naloxone.

Com noção dos efeitos secundários que a ingestão do Naloxone podia provocar nos pacientes, os investigadores apostaram na combinação de opioid peptides e do bloqueante Nav1.7.

“Após uma década de ensaios clínicos dececionantes, agora temos a confirmação de que o Nav1.7 é o elemento chave na dor humana”, revela o professor e autor do estudo John Wood.

Acredita-se que 1 em cada milhão de pessoas nasce com esta doença genética extremamente grave e que pode levar a uma morte prematura. A americana Ashlyn Blocker, de 16 anos, é um desses casos. Desde o dia em que nasceu que não sabe o que é dor. Já sofreu picadas, queimaduras e lesões gravíssimas mas nunca sentiu nada e por vezes nem se apercebia que algo não estava bem consigo.

Apesar de algumas pessoas poderem achar que o facto de não se sentir dor pode ser bom, a verdade é que não é bem assim. Tanto o paciente, como a sua família, vivem numa ansiedade e stress constantes devido a esta insensibilidade que acaba por debilitar a sua qualidade de vida. Assim, o desenvolvimento deste medicamento torna-se crucial para o bem estar - físico e psicológico - do paciente.

Os investigadores já efetuaram o pedido de registo de patente e esperam que em 2017 sejam efetuados ensaios clínicos do medicamento para uso humano.