Os pés sustentam o nosso corpo, dão-nos a liberdade de ir e vir. No entanto, só quando surge qualquer tipo de dor ou deformidade, que dificulte a marcha ou a beleza dos mesmos, nos lembramos deles.

Usar um bom calçado, ter uma boa higiene diária e consultar periodicamente um podologista, são algumas medidas que garantem a saúde dos mesmos e a prevenção de alguns problemas mais graves.

Geralmente, nenhum de nós é consciente da importância que têm os pés, negligenciando mesmo o seu cuidado. Eles são a estrutura anatómica de suporte e deslocação do ser humano, sendo por isso um dos órgãos mais importante do nosso corpo, podendo mesmo ser considerados o nosso segundo "coração".

Os pés são dotados de grande sincronia e encontram-se submetidos a permanentes e exigentes solicitações: saltam e pulam, correm e caminham... Eles permitem-nos dar 8 a 10 mil passos por dia, o que, ao longo de uma vida, significa percorrer cerca de 200 mil quilómetros, equivalente a quatro voltas à Terra.

A vida moderna, agitada e stressante das nossas civilizações provocou algumas deformações nos pés: o calçado incorreto, o sedentarismo, a atividade física sem adaptação ao calçado e ao pavimento, os desequilíbrios alimentares, o aumento da média etária, as doenças reumáticas e vasculares, os desequilíbrios do aparelho motor, e as alterações dermatológicas, são alguns dos fatores que originaram as maleitas dos pés.

Aliás, os nossos pés refletem muitas das doenças do nosso corpo! O pé passou a ser objeto de análise, investigação, diagnóstico e terapêuticas específicas das várias patologias que o afetam, o que motivou o aparecimento da Podologia.

O pé diabético
Há uma infinidade de patologias que atingem o pé e que deverão ser tratados por profissionais da saúde - Podologistas. Estes especialistas, trabalham com material específico da área e prestam os seus serviços com segurança, visto todo o instrumental utilizado ser submetido a uma esterilização. 

O portador de diabetes é mais vulnerável a infeções nos pés. Existem três fatores que constituem a tríade mais frequente do pé diabético:
1. A neuropatia (morte prematura dos neurónios periféricos e diminuição da sensibilidade ao calor, toque e dor).
2. A angiopatia (doença dos vasos sanguíneos - artérias, veias e capilares).
3. A infeção.

Qualquer lesão no pé diabético é preocupante. O pé diabético pode ser causado, exclusivamente, por apenas um dos fatores mencionados, mas a neuropatia é o mais frequente.

Devido à má oxigenação dos tecidos, decorrente da circulação sanguínea deficiente e diminuição das defesas protetoras, o pé diabético é mais propenso a infeções. A infeção no pé pode invadir facilmente os tecidos vizinhos atingindo também os ossos levando a osteomielite e causando deformações ósseas.

A gangrena pode ocorrer pela falta da circulação, devido à infeção, ou ambos, pois foi causada pela obstrução dos pequenos vasos digitais. O papel do podologista é muito importante nestes casos tanto na prevenção como no tratamento do paciente.

O podologista deve orientar o paciente a:
- Verificar se a pele está seca, com gretas, se tem áreas vermelhas e descamações. Examinar entre os dedos e as unhas, e ter muito cuidado com a higiene.
- Procurar um profissional caso alguma lesão cutânea ultrapasse mais de 48 horas.
- Nunca andar descalço, nem na praia.
- Cortar as unhas regularmente com um profissional.
- Não utilizar calçado fechado sem meias, utilizar sempre sapatos confortáveis de couro fino, sola maleável, sem costuras internas.
- Utilizar tecido de algodão para limpar a parte interna dos sapatos.
- Verificar sempre o interior do calçado antes de o calçar, procurando alguma pedra, dureza ou dobra no forro.
- Manter atualizada a vacina contra o tétano.

Problemas mais comuns num pé diabético
Bolhas e calos causados por sapatos apertados; verrugas na planta do pé; fissuras; infeção por micose interdigitais; unhas encravadas; e pequenos ferimentos associados às unhas alteradas. Estes problemas encontrados nos pés de qualquer pessoa saudável não constituem maior dano, mas na pessoa diabética podem levar a complicações sérias. Os pequenos ferimentos se não forem tratados, podem evoluir para a gangrena.

Cuidados diários a ter com os pés
- Lavar os pés diariamente.
- Secar muito bem os pés, especialmente entre os dedos.
- Cortar as unhas de forma reta, sem arredondar os cantos.
- Inspecionar os pés com atenção incluindo a planta do pé.
- Evitar o uso de sacos de água quente para aquecer os pés.
- Usar calçado de pele e arejá-lo frequentemente.
- Aplicar diariamente um bom creme hidratante rico em ureia.
- Consultar com frequência um podologista.

Agradecimentos:
Raquel Pinto, podologista