Os sintomas começam gradualmente, por vezes, com um tremor impercetível, alguma rigidez e lentidão de movimentos para além de perda da mímica facial. O défice de equilíbrio aparece mais tarde na progressão da doença. Para além de sintomas motores, há os não motores como as alterações emocionais, do sono, depressão e ansiedade, défice olfativo, fadiga e sintomas referentes ao sistema nervoso autónomo: hipotensão ortostática e incontinência urinaria.

A deteção precoce e seguimento em Consulta de Neurologia é fundamental para o diagnóstico, mesmo em tempo de pandemia, a sua abordagem não deve ser adiada. A fim de se começar, o quanto antes, a aplicar um plano de tratamento capaz de melhorar a qualidade de vida dos doentes.

Importância da reabilitação

Vários estudos vieram a revelar o benefício de programas de Reabilitação em fases ligeiras e moderadas para melhoria da mobilidade e equilíbrio na marcha, para o aumento na velocidade e qualidade da marcha e para melhoria da função cognitiva e de execução de atividades de vida diária.

Após o diagnóstico e início de terapêutica farmacológica dirigida, inicia-se o Programa de NeuroReabilitação elaborado por um Fisiatra, que pode contemplar algumas das seguintes atividades:

Fisioterapia

  • Exercícios respiratórios, que permitem a mobilidade da caixa torácica aumento da capacidade vital através de fortalecimento de musculatura intercostal e diafragmática.
  • Exercício aeróbico, em bicicleta e ou tapete rolante se o equilíbrio o permitir.
  • Exercício de estiramento de cadeia muscular anterior de tronco e membros para evitar a postura típica de tronco inclinado para a frente, com ancas e joelhos fletidos.
  • Exercícios para fortalecimento de extensores de tronco, particularmente os que unem as omoplatas contra resistência de modo a manter estas na linha média.
  • Exercícios de treino de equilíbrio estático e dinâmico para estímulo de reflexos automáticos posturais e estratégias de manutenção do equilíbrio. No ginásio é usado “tapete de fitness” para aumentar a dificuldade através de estímulo propriocetivo.
  • Exercício de fortalecimento muscular com aumento de carga, por exemplo pesos, mas sobretudo usando resistência elástica como as bandas elásticas de várias resistências conforme a cor.
  • Técnica de LSVT BIG (Lee Silvermann Voice Treatment Physical Therapy Program), em que os movimentos dos membros são caracterizados por uma grande amplitude, com uma cadência marcada pela voz alta e um ritmo marcado pelas mãos ou com os pés a bater nas coxas ou no chão respetivamente. A marcha é treinada com ampla dissociação de cinturas (ombros e bacia) usando a cadeia muscular espiral de tronco. Os passos são de maior comprimento e com exagero de elevação dos joelhos.

Esta técnica pode ser aplicada por terapeutas que tenham esta competência.

Terapia ocupacional

É feito o treino no uso de produtos de apoio. Aconselhamento doméstico como por exemplo evitar tapetes ou fios no chão em que o doente possa tropeçar.

Aplicar a mobilidade adquirida para o treino em atividades de vida diária, reforçando a melhoria funcional e a independência.

Terapia da fala

Importante nos problemas de disfunção articulatória e na hipofonia que dificultam a comunicação. Se houver disfagia, fazer treino de deglutição para evitar microaspirações e pneumonias.

Terapeutas com a competência em LSVT Loud (Lee Silvermann Voice Treatment) fazem exercícios orolinguais, de mímica facial, projeção de voz e coordenação de respiração. A prosódia também é enfatizada bem como o tom e o volume com reforço por feedback visual ao espelho.

Como atividades complementares e findo o programa de NeuroReabilitação, as pessoas com Parkinson beneficiam em continuar ativas. Por exemplo, o TAI-CHI taoista é excelente para a flexibilidade postura e equilíbrio e pode ser executado por pessoas com artroses de joelhos e ancas. Aulas de dança, em particular de tango, também demonstram grande benefício nestes doentes. Yoga, natação e exercícios de hidroginástica, marcha, remo e golfe também são opções de atividades com impacto demonstrado na manutenção da independência do doente.

Um artigo da médica Luísa Cunha Ventura, especialista em Medicina Física e de Reabilitação no Hospital CUF Tejo.