Adultos e crianças, que antes não tinham acesso a estes gadgets, estão cada vez mais minados pelos ecrãs retina que funcionam como excitantes e, por conseguinte, interferem com o processo de descanso durante o sono.
Paulo Guerra, oftalmologista na Clínica Europa, ajuda-nos a deslindar quais são as patologias/doenças que os ecrãs podem provocar aos nossos olhos, a médio e longo prazo (especialmente nas crianças) e que ligação é que essas doenças poderão ter com os distúrbios no sono. 
Segundo o médico, não existe evidência científica que demonstre que a visualização continuada e cumulativa de ecrãs de TV, computador, tablets ou smartphones esteja associada ao desenvolvimento a médio/longo prazo de patologia oftalmológica. 
Se por um lado a presença de doença causada por estes aparelhos não está demonstrada, por outro lado, o desenvolvimento de sintomas oculares, associados ao esforço visual excessivo e ao olho seco evaporativo é frequente após algumas horas de utilização. “Os sintomas mais comuns são: ardor, sensação de “areia”, olho vermelho, visão turva, fotofobia, sensação de peso nos olhos e cefaleias frontais bilaterais “, confirma o especialista.
Durante a utilização destes meios tecnológicos, “verifica-se um aumento necessário da potência dióptrica do olho associado (esforço para ver ao perto), associado à diminuição da frequência do pestanejo involuntário”, sublinha o médico para acrescentar que o piscar do olho é essencial para a integridade da superfície do olho e para a disseminação da lágrima, esta situação conduz ao aumento da exposição da superfície ocular e à evaporação aumentada da lágrima, que, por sua vez, dá origem aos sintomas referidos. 
“Estas manifestações são na maioria dos casos transitórias, desaparecendo sem deixar sequelas alguns minutos/horas após o término da utilização, não existindo na maioria sintomas limitantes ou dor intensa”, admite Paulo Guerra.
A adoção de uma postura incorreta, um ecrã demasiado elevado relativamente à altura dos olhos, a ausência de intervalos regulares, a baixa luminosidade circundante, o maior número de horas de utilização, o menor número de horas de sono (menos de 8h/dia), a necessidade de uso de óculos (hipermetropia/astigmatismo) e a presença de outras doenças oculares (olho seco, conjuntivites ou queratites) podem agravar as manifestações sentidas pelos utilizadores e interferir com o nosso sono de forma significativa. 
“Como tal, a correção destes fatores bem como a utilização de um lubrificante ocular, durante os períodos de uso mais prolongado destas tecnologias, poderá permitir uma melhoria considerável dos sintomas e maior conforto ocular e geral”, aconselha o médico.
Quando os sintomas são significativos e não cedem com o repouso, deverá ser consultado o Médico Oftalmologista. O especialista salienta ainda que não existem apenas desvantagens associadas à observação de ecrãs digitais, uma vez que estes permitem variar uma série de parâmetros de observação, nomeadamente, o tamanho da letra, a luminosidade posterior e a resolução da imagem, tornando a nossa experiência mais agradável.
Por Palmira Correia