Os primeiros implantes dentários, aplicados em humanos, foram feitos em 1965. O paciente número 1 faleceu em 2006, com todos os seus implantes em boca, 41 anos após a primeira cirurgia, demonstrando a longevidade desta solução

Muitos pacientes chegam à consulta de medicina dentária, procurando informações para fazer “um implante”, quando na verdade, existem vários espaços desdentados na sua boca.

O que é afinal um implante dentário?

Os nossos dentes, são constituídos, fisicamente, por 2 partes. A coroa dentária, que é a porção visível do dente, com as suas possíveis variações de tamanho, cor ou posição, e a raiz dentária, a porção invisível do dente, coberto por osso e gengiva. Se a coroa do dente estiver destruída, mas se a sua raiz for viável, procedemos à recuperação do dente, aplicando uma coroa cerâmica personalizada feita em laboratório que será colada à raiz do dente e que restitui a forma e a função.

Por outro lado, se destruição do dente for tão grande que não é viável aproveitar a raiz do dente teremos de proceder à sua extração. Posteriormente, a única maneira do paciente voltar a ter um dente fixo é recorrendo à aplicação de uma “raiz artificial”, denominada implante dentário. Este tem um corpo com uma forma semelhante a um parafuso de titânio que se “enrosca“ dentro do osso e uma cabeça com um sistema de conexão que permite conectar a futura coroa cerâmica.

"Colocar um implante dói muito"

É um MITO.
 Existem três fatores que contribuem para que um paciente possa dizer que colocou implantes dentários sem sentir qualquer tipo de dor.

Anestesia - Em primeiro lugar, o procedimento cirúrgico para a colocação de implantes dentários é sempre acompanhado de anestesia local. Dessa forma, é possível garantir que o Paciente não sente absolutamente nada durante a cirurgia.

Técnica cirúrgica - Além do apoio da anestesia, o protocolo clínico seguido pelos Médicos Dentistas também é fundamental para o bem-estar do Paciente. E, hoje em dia, são sempre feitas várias técnicas cirúrgicas de minimização do trauma.

Protocolo de medicação - Por fim, a medicação pós-operatória também é fundamental. Os Pacientes que colocam implantes dentários seguem sempre um protocolo de medicação receitado pelo médico. E, se cumprirem esse protocolo, não vão sentir qualquer tipo de dor, desconforto ou mal-estar geral.

"Qual é a duração de um implante?"

O implante dentário tem todas as condições para ser a solução mais duradoura, no que diz respeito a substituição de dentes.
Se forem usados implantes de qualidade e se o paciente seguir estritamente os cuidados pós cirúrgicos dados pelo seu dentista, tais como a higiene oral, manutenções e restrições alimentares, o implante dentário terá uma longevidade maior do que qualquer outro tratamento dentário.

Os primeiros implantes dentários, aplicados em humanos, foram feitos pelo Prof. Dr. Per-Ingvar Brånemark em 1965. O seu paciente número 1 - Gösta Larsson - faleceu em 2006, com todos os seus implantes na boca, 41 anos após a primeira cirurgia de colocação de implantes, demonstrando a longevidade desta solução.

"Mas os implantes podem rejeitar?"

Em medicina não existem taxas de sucesso de 100%.

Contudo, o termo rejeição, não pode ser aplicado aos implantes dentários, pois o material no qual é fabricado (titânio) é totalmente biocompatível. Assim, o nosso organismo reconhece-o como amigável, envolvendo-o com as suas células e incorporando-o no osso ao longo do período inicial de cicatrização. No entanto, o implante pode falhar ou não integrar no osso (não osteointegrar) devido a alguns fatores tais como infeção bacteriana, força mastigaria excessiva ou técnica cirúrgica inadequada. 
Caso todos os protocolos pré e pós-cirúrgicos de segurança sejam cumpridos a taxa de sucesso dos implantes dentários é superior a 98%.

É possível colocar os implantes e os dentes no mesmo dia?

Sim, é possível. No passado, após a colocação de um implante seguia-se sempre um período de cicatrização nunca inferior a 6 meses. Atualmente com o desenvolvimento das técnicas cirúrgicas e superfícies dos implantes é possível a colocação do implante e da coroa provisória fixa na mesma consulta. Logicamente este procedimento denominado carga imediata depende dos valores da estabilidade do implante no osso, da posição do dente na arcada, do tipo de paciente, e por isso não é possível/recomendável para todos os pacientes.

Caso a fraca estabilidade do implante não permita que este seja carregado imediatamente, o que significa que terá de cicatrizar dentro do osso até este se “solidificar”, para após 3-6 meses poder ser colocada a coroa definitiva.

Pacientes que não têm osso podem receber implantes?

É totalmente errado dizer que o paciente não possuí osso uma vez que o osso é a base estrutural do nosso organismo e caso não tenha sido removido cirurgicamente existirá sempre algum volume ósseo independente do osso analisado.

Nos maxilares, por vezes, a perda dos dentes leva a uma grande reabsorção óssea. Daí que, em alguns pacientes, o volume ósseo seja muito reduzido. Nestes casos, para a correta colocação de um implante apenas possuímos duas soluções. Ou o recurso a técnicas cirúrgicas avançadas que maximizam o uso do osso disponível para que nenhuma técnica regenerativa tenha de ser aplicada ou o recurso a implantes individualmente fabricados. Caso isto não seja possível deve-se então considerar uma cirurgia de enxerto ósseo pré-implante.

Nunca esquecer que cada caso é único e a avaliação clínica e radiológica extensiva é obrigatória para um bom diagnóstico e planeamento.

Quem não pode colocar implante?

Não existem restrições absolutas para a colocação de implantes dentários. Obviamente ter uma boa saúde geral é o que mais conta no momento de optar por uma reabilitação oral com implantes dentários.

Certas patologias comuns, embora não impeditivas, podem interferir com o sucesso dos implantes:

- Pessoas diabéticas não tratadas;

- Hipertensos não compensados;

- Pacientes com problemas cardíacos que não seguem o tratamento;

- Pessoas que usam medicamentos que afetam a cicatrização óssea;

- Pacientes que fazem radioterapia.

Um artigo de Nuno Bangola, especialista em cirurgia oral pelo Colégio da Ordem dos médicos dentistas; Prática exclusiva em implantologia e cirurgia oral no Instituto Dentário Alto dos Moinhos,