Cerca de 80% das pessoas associa a SIDA ao medo e este sentimento é capaz de as impedir de irem ao médico só para não se confrontarem com eventuais resultados.

Esta é uma das principais conclusões do estudo «A Opinião Pública Portuguesa e a SIDA – Ultrapassar a Era do Medo», realizado junto da população portuguesa sobre o medo face à doença, em 2008.

Depois de analisarem os resultados do inquérito que serviu de base a este estudo, os investigadores concluiram que:

- Um em cada três portugueses conhece uma pessoa seropositiva.

- Metade da população inquirida tem receio em fazer testes para diagnóstico da SIDA por vergonha.

- 43% considera que a SIDA é a segunda doença mais grave em Portugal, logo a seguir ao cancro.

- 24% refere que os portadores do vírus da SIDA são um dos grupos mais discriminados na sociedade portuguesa.

- Existe um nível significativo de desconhecimento face aos comportamentos de risco associados à SIDA.

- O medo e a injustiça são os principais sentimentos gerados pela SIDA.

- 93% consideram que as pessoas com SIDA são discriminadas e só 37% consideram que a discriminação tem diminuído em Portugal.

- As áreas ligadas à saúde, à investigação e à solidariedade são percecionadas como sendo os setores com uma atitude mais empenhada na luta contra a SIDA.

Este estudo, desenvolvido a propósito do Dia Mundial de Luta Contra a SIDA, foi elaborado sob a
chancela do Instituto de Ciências da Saúde (ICS) da Universidade
Católica Portuguesa e com o apoio da Tibotec (uma divisão da Janssen
Cilag).

O estudo foi baseado num inquérito realizado junto de 603 portugueses,
entre os 18 e os 65 anos, sobre temas de Saúde Pública. «Pretende-se que
as conclusões possam dar um contributo fundamentado para se ultrapassar
o medo, gerando novas atitudes face às pessoas seropositivas e à
doença», defende Castro Caldas, médico neurologista e diretor do
ICS.

Nas últimas décadas, a SIDA transformou-se num grave
problema de saúde pública, tendo sentimentos como o medo, o preconceito e
a ignorância, contribuido para a sua propagação. Este estudo vem
demonstrar que a seguir ao cancro (76%), a SIDA (43%) é a doença que os
portugueses consideram mais problemática. As doenças oncológicas, as
doenças do coração e a SIDA são as doenças mais temidas pelos
portugueses.

O estudo revela ainda que grande parte das pessoas não tem uma ideia
muito clara do número de infetados, nem da sua faixa etária, e que o
desconhecimento face aos comportamentos de risco é ainda muito elevado.
Embora a maioria dos inquiridos (77%) associe o risco da SIDA às
relações sexuais não protegidas (não utilização de preservativo), a
multiplicidade de parceiros sexuais é considerada por apenas 14%.

No que diz respeito à discriminação, os portugueses consideram que este
sentimento ainda se encontra bastante presente na nossa sociedade quando
se fala em SIDA. Cerca de 20 por cento dos portugueses referem os portadores do vírus da
SIDA como o grupo mais discriminado e o segundo mais referido. Quanto à atitude das diferentes entidades no combate à SIDA, são as
áreas ligadas à saúde, à investigação (cientistas e indústria
farmacêutica) e à solidariedade social que têm uma atitude mais
empenhada na luta contra a SIDA, contrariamente ao Estado, aos líderes
de opinião, à Igreja Católica e aos empregadores, 58% dos inquiridos
vêm com desconfiança a atitude dos empregadores.

Para os inquiridos as campanhas de publicidade mais eficazes são as que
apelam à prevenção, ao uso de preservativo e à necessidade de um
diagnóstico precoce. São estas que a população melhor recorda. Porém, a
grande maioria dos inquiridos é indiferente a muitas delas. Apenas 49%
recorda com alguma facilidade as campanhas publicitárias levadas a cabo
nas últimas décadas.

Segundo José Antunes, diretor médico da Janssen Cilag, «este
estudo é uma expressão da forma como a companhia encara a sua
responsabilidade social na área da saúde. A nossa empresa tem-se
empenhado, nos últimos anos, na investigação e desenvolvimento de novas
soluções para o tratamento de doenças infeciosas, como a SIDA. Mas
acreditamos que podemos igualmente contribuir para a comunidade, através
da realização de estudos, como este, que nos permitem conhecer melhor a
perceção das pessoas face à doença, e dessa forma ajudar a vencer o
medo e a descriminação dos doentes seropositivos».