Quando nos magoamos ou ferimos, é preciso atuar de forma eficaz, sem pôr em risco a saúde. Para isso, é fundamental ter noções básicas de primeiros socorros que ajudam a reduzir a gravidade da situação ou mesmo a ultrapassá-la. Se esses cuidados não forem suficientes, «é imprescindível recorrer a ajuda profissional», sublinha José Couto, técnico superior e formador de primeiros socorros.
Além disso, «estar atento às reações do organismo após o trauma ou acidente assim como evitar mezinhas ou a automedicação» são, segundo o especialista da da Escola de Socorrismo da Cruz Vermelha Portuguesa, «fatores decisivos para uma recuperação mais rápida e saudável». Estas são algumas das situações (muito) comuns que podem exigir a sua intervenção:
- «Estou a sangrar do nariz»
«Por norma, a situação mais comum de perda de sangue de forma espontânea e em menor abundância acontece por um excesso de exposição solar ou em ambientes quentes. Aí, deve sentar-se a pessoa direita, nunca colocando a cabeça para trás, e pressionar ambas as narinas durante dez minutos», descreve o formador de primeiros socorros.
«Se a origem for uma pancada, acidente ou queda, não impeça a saída do sangue, pois a sua acumulação, em caso de traumatismo, pode originar lesões mais graves», avança José Couto. Nesses casos, «absorva o sangue com um pano. O mesmo procedimento deve ser feito em episódios de perda de sangue em doentes cardíacos ou historial de pressão arterial elevada», recomenda o especialista.
Não complique. Passar a zona ferida ou magoada por água corrente e abundante possibilita uma recuperação mais rápida e saudável por diversos fatores. Além de limpar as impurezas de forma eficaz, impede proliferação de infecções, restabelece a circulação sanguínea e acelera a regeneração da epiderme.
Ligue para o número de telefone da linha Saúde 24, disponível através do 808 24 24 24, «caso a hemorragia não cesse passados dez minutos e peça aconselhamento», aconselha o especialista da Escola de Socorrismo da Cruz Vermelha Portuguesa.
- «Uma abelha picou-me»
«A abelha poderá deixar um ferrão na pele. Se for o caso, deve ser retirado apenas e só com uma pinça», aconselha José Couto. Depois, independentemente do inseto responsável pela picada, «deve passar-se a zona por água corrente abundante». Em alguns casos, registam-se reações cutâneas como «comichão intensa, vermelhidão ou inchaço», adverte.
«Nessas situações, aconselha-se uma ida à farmácia ou o contacto com a linha Saúde 24 (808 24 24 24)», informa o especialista. Chame o 112 «se sentir desconforto a nível da garganta, se o inchaço alastrar para o resto do corpo ou se tiver dificuldades respiratórias, pode tratar-se de uma reação alérgica e, se não for tratada atempadamente, de risco de vida», sublinha o formador de Primeiros Socorros da Escola de Socorrismo da Cruz Vermelha Portuguesa.
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- «Torci um pé»
«Aplique, durante 20 minutos, uma fonte fria ou gelo no tornozelo, mas com o cuidado de não o aplicar diretamente na pele, protegendo-a, por exemplo, com um pano de cozinha ou toalha, para evitar uma queimadura por frio. Faça-o sentado, com o pé numa posição mais elevada», prescreve o formador de primeiros socorros da Escola de Socorrismo da Cruz Vermelha.
«Evite apoiar o pé no chão ou fazer qualquer tipo de esforço ou movimento a quente, pois pode agravar a lesão», recomenda José Couto. Vá a um serviço de urgência, «caso, após este tratamento, continue com dores e incapaz de se movimentar, para que a gravidade da lesão possa ser avaliada».
- «Apanhei um choque elétrico»
Mesmo que, aparentemente, «apenas cause pequenas queimaduras ou não deixe qualquer marca na pele, um choque elétrico pode originar vários tipos de lesões internas, nomeadamente a nível da atividade cardíaca», elucida José Couto. Por esse motivo, deverá procurar aconselhamento médico. Ligue 808 24 24 24 ou o 112 para realizar um despiste e avaliar se é necessário uma observação médica», recomenda o formador de Primeiros Socorros.
- «Tenho alergia ao sol»
«Ao notar uma reação da pele, não se exponha mais ao sol, cubra a zona afetada e dirija-se para uma sombra. Lave a zona afetada com água corrente para ajudar a restabelecer a circulação sanguínea, arrefecer a pele e aliviar uma eventual comichão. Consulte um dermatologista para apurar o porquê da alergia e a gravidade da situação», aconselha o especialista.
«Enquanto não souber a opinião do médico, não aplique qualquer produto na zona afetada», refere ainda. «Devido aos seus componentes químicos, aplicar protetor solar numa bolha ou vermelhidão nunca é a solução, podendo mesmo provocar lesões numa pele que está altamente sensibilizada», acrescenta José Couto.
«Passar álcool na pele é também um erro», alerta o especialista em primeiros socorros. Um erro que, apesar da generalização dessa informação, muitos portugueses insistem em cometer. «Na sequência da alergia, se sentir dificuldades respiratórias ou alteração do estado de consciência», ligue 112.
- «Cortei um dedo»
Se o corte for superficial, «passe a zona por água corrente e abundante. Se estiver fora de casa, aplique um penso para evitar o risco de infeção», revela José Couto. Fique atenta à evolução da zona do corte e, «se a pele ficar vermelha, dolorosa, quente e/ou com pus, é sinal de infeção e deve procurar um profissional de saúde» aconselha o especialista em primeiros socorros.
Vá a um serviço de urgência «em caso de corte profundo, com perda de sangue significativa», recomenda. «Entretanto, faça pressão sobre a ferida e coloque uma compressa ou pano limpo sobre a mesma, para impedir a saída de sangue. Pode ser preciso fazer uma limpeza mais profunda ou mesmo coser o corte», esclarece José Couto.
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- «Caí e esfolei o joelho»
«Lave bem a zona da ferida com água corrente para retirar impurezas. Aplique um penso e fique atento a qualquer sinal de infeção», aconselha o formador de auxílio imediato. «A aplicação de um desinfetante após a lavagem abundante não traz qualquer benefício e inclusive está provado que prolonga o tempo de cicatrização», indica José Couto.
Vá ao médico «apenas no caso de identificar sinais de infeção», como, por exemplo, «o facto de a pele ficar vermelha, dolorosa, quente e/ou com pus».
- «Queimei-me na cozinha»
«Lave bem a zona queimada com água corrente e fria, de preferência durante 15 a 20 minutos. Quanto mais rápido for o arrefecimento da pele melhor será a regeneração», indica José Couto. Retire pulseiras, relógios ou anéis se a queimadura for numa mão, «caso não estejam agarrados à pele, pois a tendência é que essa zona inche. Depois, avalie o estado da queimadura», sugere.
«Caso a zona afetada não exceda uma área similar a uma moeda de 50 cêntimos e a pele tenha ficado só vermelha, recomenda-se uma ida à farmácia para que seja recomendado um produto para regenerar a pele», aconselha o especialista. Não se automedique.
«Não use manteiga ou outra gordura na pele quente, pois isso vai agravar a lesão e inclusive deixar marca», adverte o especialista. Vá a um serviço de urgência «se a pele ficar em carne viva, o que revela uma lesão de maior gravidade», adverte ainda José Couto.
Texto: Carlos Eugénio Augusto com José Couto (técnico superior e formador de primeiros socorros da Escola de Socorrismo da Cruz Vermelha Portuguesa)
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