O cancro da mama é o mais comum entre as mulheres. Por exemplo, dados do Instituto Nacional do Cancro (INCA) no Brasil apontam que até o final de 2020 são esperados mais de 60 mil novos casos no país, muitos deles atingindo mulheres que ainda podem engravidar.

Por isso, a preservação da fertilidade e a consciencialização sobre temas relativos à maternidade estão cada vez mais na ordem do dia entre oncologistas e pacientes.

A médica Solange Moraes Sanches, vice-líder do Centro de Referência em Tumores da Mama do A.C.Camargo Cancer Center, em São Paulo, esclarece que desejo de ser mãe biológica não precisa ser adiado, necessariamente, por causa da doença.

"Converso com as pacientes sobre medidas de preservação de fertilidade e procuro tirar todas as dúvidas. O olhar deve ser multidisciplinar, considerando todos os aspetos da vida da mulher", explica a especialista.

Conheça alguns factos importantes sobre a relação entre o cancro da mama e a maternidade:

1. Infertilidade pode atingir até 50% das pacientes

O tratamento contra o cancro da mama pode evoluir para a infertilidade em, pelo menos, 40% a 50% dos casos. A situação varia conforme o tipo de tratamento aplicado, assim como a medicação e a idade da paciente.

Nestes casos, Solange Sanches indica o congelamento de óvulos para pacientes que possuem tipos de cancro curáveis, com menor risco de reincidência.

2. Tempo de espera para gravidez após o tratamento oncológico pode chegar a cinco anos

Após o tratamento, a mulher deve tomar alguns cuidados. "O tempo até ser libertada após o tratamento pode variar de dois anos, no caso de tumores de baixo risco, até o término do tratamento completo, em aproximadamente cinco anos. É importante realçar que o tempo é personalizado para cada paciente", reforça a oncologista.

3. Mulheres grávidas podem receber quimioterapia em situações raras

Durante o primeiro trimestre de gestação, as pacientes não devem receber quimioterapia, sob risco de afetar o crescimento do feto, podendo levá-lo ao óbito. Em casos específicos, a mulher pode receber alguns tipos específicos de quimioterapia a partir do segundo trimestre de gravidez.

"São situações raras e de alta complexidade, que necessitam de uma avaliação rigorosa por parte da equipa médica".

4. Amamentar protege contra o cancro da mama

Apesar de não ser determinante, o aleitamento materno pode prevenir o aparecimento de tumores malignos. Segundo a médica, a amamentação reduz o número de ciclos menstruais e, consequentemente, a exposição a certos hormonas que podem estar por trás do aparecimento de tumores, caso do estrógeno. Amamentar ainda envolve outras alterações hormonais complexas que também podem ser protetoras.

Fonte: A.C.Camargo Cancer Center