Os patologistas clínicos e os laboratórios de análises clínicas constituem um suporte fundamental para que o médico de Medicina Geral e Familiar (ou de outras especialidades) possa fazer o seu diagnóstico adequadamente.
Tal como não deve ir à farmácia automedicar-se, também não é conveniente que um doente procure realizar análises ao sangue sem indicação médica anterior.
«O popularmente designado médico de família – seja do Centro de Saúde ou de uma clínica privada – deve recomendar uma revisão geral por órgãos e sistemas consoante o doente que segue», explica Maria José Rego de Sousa, médica patologista clínica. Para saber mais sobre a importância e periodicidade desta «revisão», continue connosco.
Revisão anual?
Um jovem que não apresente problemas de saúde, pessoais ou familiares não necessita de fazer análises anualmente. Pelo contrário, «se existe alguma doença diagnosticada ou uma história familiar de doenças cardiovasculares ou de diabetes, a partir dos 40, 45 anos, pode realizar análises com maior regularidade.
Vir a um laboratório realizar análises clínicas por sua iniciativa não deve ser a norma. Tem de haver sempre o bom senso de todos no uso dos recursos, sejam eles pagos ou não», adianta a médica patologista clínica.
Valores de referência
Uma vez no laboratório com a devida prescrição médica, as colheitas de sangue devem ser realizadas sempre à primeira hora da manhã. Ainda que nem sempre seja necessário, o doente deverá estar em jejum. E por que é que assim é?
«O facto de se pedir aos pacientes para estarem em jejum vai permitir comparar os valores com aqueles que são os valores de referência para a normalidade das populações estudadas. As análises per si devem ser interpretadas no contexto de um quadro clínico geral e de todas as restantes análises», esclarece Maria José Rego de Sousa.
Isoladamente, alguns dos resultados não têm grande significado, mas inseridos no contexto da história clínica e considerando o doente como um todo «a correcta interpretação dos resultados analíticos é essencial para assegurar um adequado dianóstico clínico-laboratorial », acrescenta.
Análises na gravidez
As grávidas têm as suas rotinas obrigatórias e as análises fazem parte das mesmas. «Do primeiro trimestre faz parte o diagnóstico pré-natal que é fundamental e que se trata de uma análise bioquímica juntamente com um exame ecográfico que permite despistar, com uma taxa de detecção superior a 97 %, algumas doenças importantes, como a trissomia 21.
Existe uma prova essencial no segundo trimestre que é realizada para detectar a diabetes gestacional. «Se essa prova der positiva, passa-se para a análise do terceiro trimestre. Uma mulher pode não ser diabética antes de engravidar e desenvolver uma diabetes gestacional que não continua depois do parto. É uma condição relacionada com o facto de estar grávida».
O hemograma é também muito importante porque permite diagnosticar a anemia, que é comum na gravidez, apesar de também ser frequente em pessoas de várias idades.
Farmácia vs laboratório
«As análises executadas nas farmácias não utilizam métodos fiáveis, exactos ou precisos, pelo que podem resultar falsos positivos ou falsos negativos. Existem equipamentos laboratoriais complexos para a realização das análises de sangue, de modo a obter o resultado o mais preciso possível», defende Maria José Rego de Sousa.
Ainda que seja confortável e mais rápido fazer um rastreio à glicemia ou ao colesterol na farmácia, a médica patologista clínica considera que, «no laboratório é fornecido um valor muito aproximado ao real que circula no nosso sangue, o que é uma enorme responsabilidade.
A fronteira entre o normal e o patológico pode ser muito ténue, daí serem necessários métodos exactos e precisos para encontrar o valor analítico o mais próximo do real possível», conclui.
Para saber o que deve fazer antes de fazer análises clique aqui.
Texto: Cláudia Pinto com Maria José Rego de Sousa (médica patologista clínica)
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