O ácido úrico, uma substância produzida pelo organismo depois da digestão das proteínas que está na origem de uma outra, a purina, é o preditor de doenças mais silencioso que existe mas, nos dias de hoje, ainda são muitos os que o menosprezam. Atualmente, as concentrações séricas de ácido úrico, consideradas normais, devem estar entre os 2,6 e os 6,0 miligramas/decilitro para as mulheres e situar-se, em média, entre os 3,5 a 7,2 miligramas/decilitro para os homens.
No entanto, na opinião do investigador de nutrição funcional Pedro Carrera Bastos, "os valores deviam estar abaixo de 5,2 miligramas/decilitro para ambos os géneros". No IV Congresso Europeu de Nutrição Funcional, em Lisboa, o especialista alertou mesmo para a necessidade de reajustar, com alguma urgência, os níveis de ácido úrico até agora tidos como ideais. "Se deixarmos que a hiperuricemia se instale, é como abrirmos uma caixa de pandora", adverte.
O que acontece quando os valores de ácido úrico disparam
A hiperuricemia não esconde todos os males do mundo mas, sim, muitos problemas de saúde. De acordo com Pedro Carrera Bastos, sempre que os valores de ácido úrico ultrapassam os 6,4 miligramas/decilitro, "formam-se cristais de urato". Essa situação, a verificar-se, pode provocar gota, associada a diabetes tipo II, assim como artropatia inflamatória e nefrolitíase, além da formação de cálculos renais e de pedras nos rins, como a maioria as designa popularmente.
Valores de ácido úrico acima dos 6,4 miligramas/decilitro aumentam ainda o risco de lesão renal aguda, de hipertensão arterial, de insuficiência cardíaca, de enfarte do miocárdio, de aterosclerose e até de disfunção erétil nos homens. Para além disso, essa condição dificulta a síntese da vitamina D3, causa stresse oxidativo, acelera e agrava o processo inflamatório e ainda gera uma resistência à insulina que acaba por ser prejudicial, alerta ainda Pedro Carrera Bastos.
O que fazer para solucionar o problema
Para mantermos os valores de ácido úrico abaixo de 5,2 miligramas/decilitro, é fundamental reduzir a gordura corporal, praticando uma atividade física regular e diminuindo a ingestão excessiva de frutose, aportada por frutas como as tâmaras e as passas de uva e de figo. Reduzir a ingestão de açúcar refinado e de alimentos ricos em purinas, como é o caso da carne de porco, dos fumados e enchidos, das miudezas e das vísceras animais, é outro dos imperativos a seguir.
"Idealmente, não se deve exceder as 1.600 calorias por dia e devemos incluir cerca de 30 por cento de proteína de origem animal e/ou vegetal na nossa dieta diária", recomenda. Segundo o nutricionista, "só os omnívoros que não comem carne mas comem peixe e os vegetarianos é que apresentam valores de ácido úrico iguais ou abaixo de 5,2 miligramas/decilitro". Também devemos evitar consumir cerveja, baixar os níveis de stresse e procurar dormir mais e melhor.
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