A inatividade física ocorre em especial nos países desenvolvidos, atingindo mais as mulheres, os idosos e as pessoas de baixos rendimentos. Nos Estados Unidos, dados oficiais sugerem que a percentagem de tempo de sedentarismo está a aumentar em paralelo à obesidade e à incidência de diabetes.
Portugal tem sido referido em diversos registos como sendo o país mais sedentário da Europa, com 70% da população classificada como sedentária e 60% das pessoas com mais de 15 anos dedicando menos que um hora por semana ao exercício físico.
Por outro lado, num estudo de 2001, apenas 23% da população praticava algum tipo de desporto. Num estudo da Fundação Portuguesa de Cardiologia de 2015, 64% dos inquiridos confessou dedicar menos que 1,5 horas por semana ao exercício físico.
Aliada geralmente a hábitos alimentares pouco saudáveis e à eventual presença de outros fatores de risco como a elevação do colesterol ou o hábito de fumar, o sedentarismo contribui para uma evolução clínica desfavorável, incluindo excesso de mortalidade cardiovascular e global.
Isto tem sido demonstrado por diversos estudos científicos e do mesmo modo a ciência tem comprovado o benefício para a saúde do exercício físico, mesmo tendo em conta alguns riscos que podem ocorrer nalguns doentes.
Quanto aos efeitos do sedentarismo na saúde, um estudo realizado em todo o mundo calculou que a percentagem, de morte prematura atribuível ao sedentarismo era de 9%, com 5,3 milhões de mortes em 2008.
Grande parte das ocupações humanas atuais está associada a mais tempo sentado, o que parece ser um fator de risco independente para mortalidade mas igualmente para outros importantes problemas de saúde como diabetes, doença cardiovascular e cancro.
O exercício físico tem um impacto favorável em inúmeros aspetos de saúde, estando associado a diminuição da incidência de doença cardiovascular, diabetes mellitus, doença pulmonar crónica, doença renal crónica, doença de Alzheimer e vários tipos de cancro.
Exercício e telómeros
Além disso, tem sido feitos inúmeros estudos científicos para tentar identificar bases estruturais da longevidade. Um dos aspetos mais consistentes é o tamanho dos telómeros - estruturas cromossómicas associadas à longevidade - que parece ser influenciado positivamente pelo exercício físico, que surge como o único fator que consistentemente pode associar-se a maior sobrevida.
No que respeita ao sistema cardiovascular, o exercício induz efeitos benéficos sobre as lipoproteínas (diminuição das VLDL, aumento das HDL), que estão associadas ao transporte, deposição e remoção do colesterol, sobre os fatores associados a trombose e sobre marcadores inflamatórios que estão associados à aterosclerose. Além disso, são bem conhecidos os efeitos do exercício na melhoria da hipertensão e redução da obesidade na diabetes.
Quanto ao cancro, a atividade física regular parece associar-se a menor incidência de cancro colorretal, da mama e da próstata.
Outros efeitos benéficos do exercício reportam-se à osteoporose, à prevenção do declínio cognitivo e demência, à diminuição da ansiedade e depressão e até à diminuição dos cálculos da vesícula.
Existem alguns riscos associados ao exercício, que não devem ser descurados. Desde logo lesões musculo-esqueléticas, mas os mais importantes são os riscos cardiovasculares para pessoas que apresentem risco aumentado para diversas situações.
Dado o aumento do risco cardiovascular com a idade, recomenda-se que todas as pessoas que decidam iniciar um programa de exercício na idade média da vida ou em idades mais jovens desde que apresentem múltiplos fatores de risco, e em qualquer idade com história de cansaço inapropriado, síncopes, arritmias ou antecedentes familiares de morte súbita, sejam submetidos a uma avaliação cardiovascular prévia ao início do exercício.
As recomendações para a prática de exercício tendo em vista a promoção da saúde são as seguintes:
Pelo menos 30 minutos de atividade física aeróbica de intensidade moderada, pelo menos 5 vezes por semana, num total de 150 minutos por semana ou pelo menos 25 minutos de atividade física aeróbica vigorosa, pelo menos 3 vezes por semana, num total de 75 minutos por semana e atividade de força muscular moderada a intensa pelo menos 2 vezes por semana.
No caso da redução da Pressão Arterial e do Colesterol, pelo menos 40 minutos de atividade aeróbica vigorosa 3 a 4 vezes por semana.
As recomendações são do médico Victor Gil, cardiologista e coordenador da Unidade Cardiovascular do Hospital Lusíadas Lisboa e Presidente eleito da Sociedade Portuguesa de Cardiologia
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