Aqui está uma lista das doenças mais comuns que podem ocorrer durante o verão. Conhecer as causas e a sua sintomatologia é a melhor forma de se prevenir e assegurar que o tempo passado em férias é bem aproveitado.

1 - Diarreia de viajante
Resulta fundamentalmente da ingestão de alimentos, bebidas ou água, contaminados com microrganismos. Seja cauteloso no que se refere ao consumo de alimentos e bebidas potencialmente contaminadas.

De salientar que os agentes patogénicos não são exclusivos dos países menos desenvolvidos. O risco associa-se, sobretudo, a práticas de higiene menos adequadas na manipulação e preparação dos alimentos.
Opte sempre por água engarrafada previamente fechada, também para limpar os dentes e fazer gelo para bebidas. Evite também saladas e frutas com casca.

2 - Queimadura solar
A exposição prolongada ao sol pode resultar em queimaduras solares que, para além de dolorosas, constituem um perigo com consequências nefastas para a sua saúde.

É importante aumentar gradualmente a duração da exposição solar, começando por 10 a 30 minutos, 3-4 vezes por semana, dependendo da cor da pele.
Deve-se evitar apanhar sol na hora de maior intensidade. Uma boa regra é evitar a exposição solar entre as 11h00 e as 15h00, no verão. Numa situação de exposição solar prolongada, será preferível usar um chapéu bem largo e beber muita água.

Use sempre um protetor solar com um índice adequado à idade e ao tipo de pele, de preferência, igual ou superior a 30, e renove a sua aplicação sempre que estiver exposto ao sol (de 2 em 2 horas), especialmente se estiver molhado ou se transpirar bastante.

Em caso de queimadura solar recomenda-se:

• Evitar nova exposição ao sol;
• Aplicar compressas com água fria;
• Não rebentar as bolhas;
• Não aplicar álcool, manteiga ou óleos gordos;
• Contactar o médico, sempre que necessário.

3 - Picadas de insetos
Independentemente se vai passar as suas férias na praia, no campo ou nas montanhas, é muito provável que vá sofrer de algum tipo de picadas de insetos durante o verão. Os insetos estão por toda parte, e embora a maioria não seja perigosa, a sua picada incomoda. Algumas picadas são piores do que outras, como é o caso das vespas e abelhas – doem mais e demoram mais tempo a curar/cicatrizar.
A maioria das reações é leve, provocando comichão, ardência e edema (=inchaço) que se resolvem em um ou dois dias. Contudo, às vezes podem causar uma reação alérgica (evite coçar) e, em alguns climas, causar doenças como, por exemplo, malária.

Deve haver o mínimo de pele exposta em áreas com altas populações de insetos, ou às vezes, quando os insetos são particularmente ativos, como o nascer ou pôr do sol.

Retire sempre um eventual ferrão com uma pinça assim que possível, pois a sua simples presença pode causar reação inflamatória.
Se ocorrerem dificuldades em respirar ou engolir, deve chamar uma ambulância imediatamente.
Se surgir alguma bolha no local, não a rebente.
Só tome medicamentos que tenham sido receitados pelo médico assistente ou aconselhados pelo farmacêutico. Pode recorrer a pomadas específicas para picadas de insetos para aliviar a dor, a irritação e a comichão. Há cremes que também evitam a infeção, no caso de coçar muito a área e criar uma feridas. No entanto tenho cuidado dado que há certas pomadas para aliviar a comichão que podem arder se a pele estiver ferida.
Se as picadas estiverem muito inchadas e provocarem muita comichão, um anti-histamínico por via oral pode aliviar o desconforto.

4 - Intoxicação alimentar
As altas temperaturas registradas no verão favorecem o desenvolvimento de bactérias em alimentos mal-acondicionados e manipulados sem as condições de higiene necessárias, resultando em infeções alimentares.

Para evitar eventuais problemas gastrointestinais e intoxicações alimentares, seja seletivo na escolha dos alimentos que consome, optando apenas pelos que estão frescos.
Os primeiros sintomas podem verificar-se decorridos apenas alguns minutos após a ingestão dos alimentos alterados ou surgir horas ou dias mais tarde, dependendo do tipo de bactéria, da quantidade ingerida e da reação do organismo. Um dos sinais mais frequentemente é a diarreia, mas poderão também ocorrer episódios de náuseas, vómitos, febre, dores de cabeça, abdominais e/ou musculares, fraqueza, arrepios e desconforto geral.

Na maioria dos casos, o quadro clínico melhora espontaneamente após alguns dias, sendo apenas necessário deixar o estômago em “repouso” e assegurar o aporte de água, de forma regular e em pequenas quantidades, para uma hidratação adequada.

5 - “Otite de verão”
A “otite de verão”, cientificamente chamada otite externa, é uma inflamação do canal auditivo externo. Embora possa ocorrer em qualquer idade, é mais frequente em crianças de 7 a 12 anos – sendo rara em bebés.

No verão, devido ao aumento das temperaturas e da humidade presente no ouvido externo – decorrente do maior tempo de permanência em piscina e mar e os mergulhos na água - a sua incidência aumenta até 70%. Além do risco de contaminação da água desses locais, a permanência contínua nestas áreas húmidas não permite o acúmulo da cera natural do canal auditivo, que o reveste e protege. Manifesta-se com secreção do ouvido com aparência de pus, dor de ouvido, perda auditiva, sensibilidade, comichão e, em casos mais graves, febre.
Recomenda-se, após o banho/mergulho, inclinar a cabeça para cada um dos lados e limpar o ouvido com a ponta da toalha; se dor for persistente e existir saída de pús pelo ouvido, deve consular um médico.

Dra. Thordis
CMO - Chief Medical Officer - Portugal