«Stop hiding, start living», que em português pode ser traduzido como «Pare de se esconder, comece a viver» foi o mote de uma campanha lançada pela American Academy of Dermatology e pela National Psoriasis Foundation que, na altura, pretendia encorajar as pessoas com psoríase a procurar um dermatologista. Entre nós, pouco tempo depois, a Associação Portuguesa de Psoríase (APP) escolheu como lema de uma campanha de sensibilização a frase «A psoríase não é contagiosa, contagioso é o preconceito».
A escolha das palavras, em ambos os casos, não poderia ser mais certeira. Por detrás de algumas doenças ou de simples sintomas, escondem-se muitas vezes o estigma (dos outros) e a vergonha (de quem é afetado). Damos-lhe, de seguida, quatro exemplos e várias soluções para cada um deles:
1. Psoríase
É uma doença crónica da pele que se caracteriza pelo «aparecimento de lesões vermelhas, espessas e descamativas, que afetam os cotovelos, joelhos, região lombar e couro cabeludo. Nos casos mais graves, podem cobrir extensas áreas do corpo. (...) Cerca de dez por cento dos doentes desenvolvem artrite psoriática», revela a APP. É condicionada geneticamente e «envolve alterações no funcionamento do sistema imunitário que provocam inflamação e aumento da velocidade de renovação das células da epiderme».
Os tratamentos, sob a supervisão de um dermatologista, permitem, geralmente, controlar os sintomas e incluem terapêuticas tópicas (emolientes e queratolíticos, corticosteróides tópicos, análogos da vitamina D, entre outros), além da exposição à luz solar, de fototerapia (exposição a fontes artificiais de luz ultravioleta) e de medicamentos sistémicos (retinóides, metrotexato, ciclosporina e agentes biológicos).
2. Doença hemorroidária
Todos temos hemorróidas (vasos sanguíneos no canal anal) mas quando estas se encontram inflamadas e dilatadas, provocando comichão, hemorragias (durante e após a defecação), dor e formações arredondadas à volta do ânus, estamos perante uma doença. Entre as suas causas encontram-se a obstipação, diarreia crónica, obesidade, gravidez e tosse frequente. Para que o diagnóstico possa ser feito, deve-se realizar um exame ao intestino (colonoscopia).
Aposte no consumo de alimentos ricos em fibra (vegetais, fruta e cereais integrais), ingira água e evite álcool e pimenta. Não esteja também longos períodos de pé ou sentado. Segundo a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG), «o uso de pomadas e supositórios com efeito analgésico e com vitamina A, bem como comprimidos para fortalecer as veias (venotrópicos como as diosminas), diminuem a inflamação das hemorróidas, levando ao alívio temporário durante as crises».
Quando se formam coágulos numa hemorróida «pode ser útil fazer banhos de assento com água morna». Existem também tratamentos que permitem secar as hemorróidas (como os infravermelhos) e cirurgia.
3. Obstipação
A chamada prisão de ventre, de acordo com a American Gastroenterological Association (AGA), não é uma situação grave embora possa constituir um sinal de alarme de algumas doenças e conduzir a complicações como as hemorróidas. Na sua origem pode estar uma dieta pobre em fibras mas rica em gordura de origem animal e açúcar, o abuso de laxantes, alterações hormonais, medicação (como antidepressivos) e/ou doenças neurológicas, metabólicas ou do intestino.
Pode ainda estar relacionada com «um funcionamento lento do intestino (...) ou com um intestino que funciona bem mas que tem dificuldade em desencadear a saída das fezes», refere a SPG. Para a contrariar, consuma alimentos ricos em fibra, beba regularmente água e pratique exercício físico (marcha ou natação). Não adie a ida à casa de banho sempre que tiver vontade e guarde tempo, sem interrupções, para evacuar depois do pequeno-almoço ou do jantar. Veja também as soluções naturais que combatem a obstipação a que pode recorrer.
Procure um médico «para avaliar se os medicamentos que toma estão a agravar a obstipação, se tiver perdas de sangue pelo intestino ou se surgir anemia». Deve também procurar ajuda especializada «se estiver a perder peso, se apareceu recentemente ou se se agravou sem causa aparente», aconselha a SPG. O uso de laxantes deve ser usado sob supervisão médica. Em casos especiais, a solução passa pela cirurgia.
Texto: Nazaré Tocha
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