Fonte de vitamina B1, vitamina B3, cálcio, fósforo e ácido elágico, já era referenciada nos textos bíblicos, associada à paixão e à fecundidade. A romã, um dos frutos com mais antioxidantes, ajuda a reduzir o colesterol no sangue, fortalece o sistema imunitário, previne o cancro e ainda tem propriedades anti-inflamatórias. Além disso, é um poderoso inimigo dos radicais livres, moléculas que, em excesso, são nocivas ao organismo.
Por conter mais de 80 fitoquímicos, previne ainda doenças como a diabetes, a obesidade ou a hipertensão. Juntamente com o figo, a romã é o mais antigo fruto indo-europeu cultivado e seis meses de calor asseguram a frutificação. A romãzeira, em repouso invernal, suporta temperaturas até aos 12º C. Foi uma árvore comum nos nossos velhos jardins em cercaduras e sebes, reproduzidas por semente.
Ainda se encontram atualmente, pois vivem mais de 200 anos. Trata-se de uma árvore decorativa, arbustiva, que aceita bem as podas, uma vez que as anãs se trabalham como o buxo. Suporta a seca, mas para ter bom frutos são necessárias regas semanais. Não é particularmente esquisita quanto à qualidade da água, que pode ser reciclada ou salobra, como as águas de furo. Muitos estudos científicos demonstram que cura todas as pragas.
As muitas variedades locais que desapareceram com o tempo
A laranjeira necessita de água de muito boa qualidade, que se tornou rara. A romãzeira ri-se. Tudo se conjuga para a substituição da excelente laranja pela romã, igualmente boa para a nossa saúde e das crianças. A ideia partiu do estado da Califórnia, nos EUA, que, tal como Israel, difundem a variedade americana Wonderfull, criada há cerca de 100 anos. Um bonito fruto mas, na minha opinião, não muito bom.
As numerosas variedades locais desapareceram. Hoje em dia, encontram-se duas variedades, a Asseria ou Assaria e a espanhola Mollar, em estudo na Universidade do Algarve há alguns anos. Graças à internet e ao Google, que traduz o fársi, podemos visitar uma maravilhosa estufa no Irão, o seu país de origem, onde existem 700 variedades, algumas certamente difíceis de encontrar como a Negra de Kaboul.
O truque que facilita a separação dos bagos
Os iranianos classificam as romãs em três variedades. Para eles, existe a açucarada, açucarada-ácida e ácida. As açucaradas, ou doces, podem ser excelentes com um pouco de açúcar e uma gota de água de rosas, como as servem no Líbano. As melhores são, contudo, as iemenitas. Como pode ser difícil abrir uma romã, aqui fica uma dica. Para as sementes saírem, deve desmanchar o fruto cortado em quartos dentro de água.
A parte comestível vai ao fundo, pois é mais pesada, e a parte amarela, que não presta, flutua. Os espanhóis da região de Valência selecionaram frutos doces com os grãos pouco aderentes a partir da variedade Mollar. É uma boa ideia e os frutos são bons. Os italianos selecionaram uma variedade de grão grosso e fácil de sair, a Dente de Cavalo. As romãs meio-doces são ideais quando o grão não é duro.
O ingrediente perfeito para os molhos para saladas
As turcas, as mais comuns são as Hicaznar, são perfeitas, as iranianas de bons tipos e uma turcomana foi eleita a melhor do mundo, a Vishnevyi. Estas romãs são ideais para secar, como as passas de uva. As mais fascinantes são as ácidas. Frutos incríveis, onde o sumo é igual aos nossos melhores vinagres. As rainhas desta secção são as egípcias. São usadas para melaços, xaropes e molhos de salada.
A romãzeira reproduz-se facilmente por semente. Um exemplar do fruto desta árvore pode conter entre 200 a 600 sementes e podem pesar entre as 300 gramas e um quilo. E foi assim que fiz a minha coleção, comendo romãs muitas vezes recomendadas por amigos. Os árabes gostam muito delas. O profeta Maomé não perdia um gomo. "Dentro de cada romã, há um grão de paraíso", tinha por hábito defender o fundador do islamismo.
Texto: J. P. Brigand
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