A Organização Mundial de Saúde (OMS) destaca a importância da alimentação para uma vida saudável, prevenção de doenças e tratamento de patologias relacionadas com a alteração de estilos de vida. Em Portugal, a prevalência de doenças crónicas como a diabetes, doenças cardiovasculares, obesidade e cancro é preocupante, pelo que se deverá encarar a alimentação como uma mais-valia para a reversão deste cenário e para o aumento da qualidade de vida. Por exemplo, a doença cardiovascular foi a principal causa de morte em Portugal em 2008, e há mais de 3 milhões de adultos portugueses com hipertensão arterial.

Na origem de algumas das doenças estão diversos fatores, como erros alimentares provenientes dos novos ritmos de vida, da escassez de recursos económicos, do pouco tempo disponível, da falta de informação e até da motivação. A acentuação destes desequilíbrios tem-se traduzido numa verdadeira distorção da Roda dos Alimentos e no excesso do consumo energético e de gorduras saturadas, na ingestão baixa de hortofrutícolas e leguminosas secas e num recurso excessivo aos grupos alimentares da “Carne, Pescado e Ovos” e dos “Óleos e gorduras”. Tendo por referência as recomendações da OMS, a dieta portuguesa apresenta uma percentagem de calorias obtidas a partir de gorduras saturadas (16%) acima do valor de referência (10%). Isto é particularmente importante quando o aumento de consumo de gorduras saturadas está diretamente relacionado com o aumento do risco de doenças cardiovasculares.

Assim, o consumo de peixe (fresco, congelado, seco ou em conservas), como importante fonte proteínas de elevado valor biológico, vitaminas e minerais, ácidos gordos insaturados e baixa proporção de ácidos gordos saturados, deve ser uma opção frequente na alimentação. É verdade que Portugal é um dos países da Europa com maior consumo médio de peixe (49,2%). No entanto, quando comparado com o consumo de carne (78,2%), verificamos que há um longo caminho a percorrer no que diz respeito ao consumo de pescado. De acordo com a Balança Alimentar Portuguesa, o peixe contribui apenas com 12% das proteínas e 1% das gorduras da dieta dos portugueses.

É urgente promover o consumo de peixe junto das populações, nomeadamente o de peixe gordo (como o atum, cavala, salmão, sardinha e carapau) devido à riqueza em ácidos gordos ómega-3, que têm um efeito protetor em relação às doenças cardiovasculares. Alguns estudos relacionam também estes ácidos gordos com a diminuição da pressão sanguínea, da concentração plasmática de triglicéridos e da diabetes tipo 2.

É importante recuperar a Roda dos Alimentos e manter uma alimentação saudável, pois assim estaremos a contribuir para a prevenção de um conjunto de patologias associadas a estilos de vida inadequados.

Associação Portuguesa dos Nutricionistas

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