Chegados outubro e novembro, ouvimo-la apregoada “quentes e boas". A castanha, hoje relegada para a categoria de petisco, especialmente assado, teve, tal como a bolota, grande importância na alimentação nacional, apenas destronada com a introdução da batata e do milho nos séculos XV/XVI, provenientes das Américas.
Não obstante todas as virtudes que acompanham esta semente que se aconchega no ouriço do castanheiro, há quem lhe veja o “perigo” de engordar à mesa. Responde-nos a nutricionista Cláudia Viegas: “esta é sempre uma questão complexa, porque qualquer alimento consumido em excesso pode contribuir para o aumento de peso, até a alface. Claro que neste caso, implicaria comê-la em grande quantidade. No caso da castanha, o consumo adequado de porções - num prato principal entre uma a três, dependendo do individuo -, é adequado. Acresce que a castanha proporciona uma grande diversidade de pratos, dos purés, às sopas, até mesmo como acompanhamento nos assados”.
A castanha é um alimento que conta com um “índice glicémico relativamente baixo o que significa que é bom promotor da saciedade, contribuindo para o controlo dos níveis de glicémia e para a gestão do peso”, adianta a nutricionista.
Ainda no que toca à nutrição, de acordo com Cláudia Viegas, “no contexto de uma alimentação equilibrada, a castanha desempenha um papel importante. De recordar que devemos ter presente no prato produtos hortícolas, como os brócolos, a cenoura, a alface e a couve; alimentos fornecedores de proteína como o pescado, as leguminosas, o ovo e a carne, e alimentos fornecedores de hidratos de carbono”.
Em particular, a castanha “é rica em amido, o que a torna fonte de hidratos de carbono, tal como as batatas e os cereais, pelo que é um bom substituto destes nas refeições. Constitui, ainda, uma fonte rica de vitamina C, cooperando para um bom sistema imunitário”, o que equivale a dizer, amiga da prevenção de gripes e constipações. Ainda no que respeita ao aporte vitamínico, refira-se que a castanha é rica em vitaminas do complexo B.
Cláudia Viegas sublinha que, “em termos comparativos, quanto ao seu conteúdo nutricional, por 100 g, a castanha tem mais hidratos de carbono do que a batata e menos do que as massas ou arroz, sendo que uma porção de castanhas corresponde a 60/70 g”.
Finalmente, mas não menos importante, a castanha é “alimento importante para o metabolismo energético [produção de energia] e bom funcionamento do sistema nervoso.
Cláudia Viegas é Professora Adjunta na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa. Os seus principais interesses de investigação estão relacionados com Alimentação em contexto de Hotelaria e Restauração na relação com a Saúde Pública, Promoção e Proteção da Saúde e Estilos de Vida.
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