A reprodução do Zika através do trato vaginal pode ser uma fonte potente de infeção "com consequências potencialmente desastrosas", ressalta um estudo realizado pela Universidade de Yale e publicado na revista científica Cell. Segundo a investigação, ratos fêmeas grávidas foram infetadas por via vaginal com o vírus, que se espalhou rapidamente dos genitais para o cérebro do feto.

"Vimos uma replicação significativa do vírus no tecido genital, em quatro a cinco dias", disse Akiko Iwasaki, professora de Imunobiologia e cientistas do Howard Hughes Medical Institute.

Quando estes animais foram infetados no início da gravidez, os cientistas encontraram evidências do vírus Zika no cérebro dos fetos. Estas infeções foram associados também à perda de peso fetal.

"No início da gravidez, se a mãe estiver infetada, há um impacto significativo no feto", garante ainda a investigadora.

Embora as conclusões de estudos com ratos muitas vezes não se apliquem de igual forma nos seres humanos, Iwasaki diz que as descobertas lançam novas luzes sobre a questão. "A descoberta pode ser importante para as mulheres, não só para as mulheres grávidas", disse. "A vagina é um local onde o vírus se pode replicar e, eventualmente, ser transmitido a parceiros".

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"Em mulheres grávidas, a transmissão vaginal do vírus Zika pode ter um impacto significativo no feto em desenvolvimento", acrescentou.

O Zika é transmitido principalmente através da picada do mosquito Aedes aegypti infectado, mas também por contacto sexual. Existe pelo menos um caso conhecido de uma mulher que infetou o seu parceiro e há registos de vários casos em que os homens transmitiram sexualmente o vírus com parceiros do sexo masculino e feminino.

Este vírus pode permanecer no sémen por até seis meses, de acordo com um estudo recente.

A infeção pelo Zika é particularmente perigosa para mulheres grávidas, visto que o vírus pode causar malformações congénitas nos fetos em desenvolvimento, como a microcefalia.

Autoridades de vários países recomendam que as mulheres grávidas que vivem ou viajam para áreas com transmissão ativa do Zika usem preservativo ou se abstenham de sexo.