Nos últimos anos, a aluna de Doutoramento Carina Pereira tem desenvolvido trabalhos no Grupo de Oncologia Molecular do Instituto Português de Oncologia do Porto, para compreender de que forma “o background genético poderá auxiliar na identificação de indivíduos com risco aumentado para o desenvolvimento de Cancro colorretal (CCR) que potencialmente possam beneficiar do uso de aspirina na prevenção desta neoplasia”.

O trabalho de Carina Pereira, atual investigadora do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto/i3S, foi um dos que beneficiou de uma bolsa da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC).

De acordo com informação disponibilizada pela LPCC - que sábado anuncia, no Núcleo Regional do Norte, mais 12 bolsas de investigação, no valor total de cerca de 250 mil euros - diversos estudos sugerem, de forma consistente, que o consumo diário de aspirina, conduz a uma redução não só na incidência de adenomas (lesões) como de CCR, proteção que pode atingir os 50%.

Contudo, a liga salienta que “o uso destes fármacos encontra-se comprometido pelos sérios efeitos adversos, principalmente a nível gastrointestinal (hemorragias, úlceras), que advêm do seu consumo regular”.

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Atualmente é sugerido que a quimioprevenção poderá ser uma abordagem eficaz, em indivíduos que possuam um risco aumentado para desenvolvimento de tumores colorretais, em que a proteção conferida ultrapasse os riscos do consumo regular de aspirina.

Cancro colorretal é a segunda neoplasia com maior incidência

De acordo com os dados disponibilizados pela LPCC, o cancro colorretal representa um sério problema de saúde pública, representando a segunda neoplasia com maior incidência em Portugal (16% de todos os cancros), apenas ultrapassado pelo cancro do próstata e cancro da mama, nos géneros masculinos e femininos, respetivamente.

Apesar de ser passível de prevenção pelo diagnóstico precoce de lesões precursoras (adenomas), estima-se um aumento no número de novos casos como reflexo do envelhecimento populacional e adoção de estilos de vida que potenciam o desenvolvimento tumoral.

Desta forma, “torna-se crucial não só a otimização das estratégias atuais de prevenção, como a implementação de abordagens complementares que visem reduzir a incidência desta neoplasia”, acrescenta a liga.

Nas declarações que prestou à Lusa, o presidente da LPCC referiu que “o facto de se destinar 250 mil euros para a investigação é sem dúvida um esforço muito grande que este núcleo/Norte faz para que os jovens investigadores não saiam para o estrangeiro ou então não arranjem outro tipo de emprego que não tem nada a ver com a sua vocação”.

“Este aspeto é muito importante porque temos fantásticos investigadores e há um sangramento nacional de jovens que vão para o estrangeiro”, sublinhou, referindo que muitos desses jovens veem o seu trabalho reconhecido, “sobem muitos deles vários patamares, alguns estão já diretores de serviço, diretores de departamento e alguns até já como diretores de vários institutos de investigação. Alguns regressam, mas a grande maioria fica”.

Vítor Veloso reconhece que “a ajuda da liga pode não ser fundamental, mas é importante porque impede que jovens fantásticos vão para o estrangeiro ou então tomem outro rumo que não aquele a que estão destinados”. “É por isso que fazemos esta cerimónia, é uma cerimónia simples, com pequenas intervenções. Alguns dos bolseiros vão apresentar os seus trabalhos e assinar o contrato com a Liga Portuguesa Contra o Cancro”, disse.

Explicou ainda que o apoio à investigação é uma atividade que está nos estatutos da LPCC, mas salientou que “não é uma atividade primordial em relação à missão da liga que é, fundamentalmente, apoiar o doente oncológico e as suas famílias em todos os seus aspetos, quer no aspeto emotivo, no psicológico e no económico”.

Na conferência "O apoio da Liga Portuguesa Contra o Cancro na Investigação Oncológica", com início às 09:30, de sábado, na sede do Núcleo Regional do Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro no Porto, serão também abordados os temas: “Os Vírus, as vacinas e a prevenção do cancro” e “O rastreio do cancro da mama e as características dos tumores detetados”.