“Em momento algum foi posto em causa o atendimento aos doentes da região”, fez saber esta sexta-feira o gabinete da ministra da Saúde, Marta Temido, em resposta aos deputados do PS e do PSD que questionaram o Governo após a demissão dos médicos internistas do Hospital das Caldas da Rainha (distrito de Leiria) dos cargos de chefia por alegadas faltas de recursos no Serviço de Urgência.

Num manifesto divulgado em 14 de abril, os médicos denunciaram uma situação de “rutura completa” devido ao excesso de doentes nas urgências, que consideram funcionar sem “condições mínimas” de assistência médica e de segurança para profissionais e utentes.

Em resposta aos deputados, o ministério reconhece, com base nos dados fornecidos pelo conselho de administração (CA)do Centro Hospitalar do Oeste (CHO), onde a unidade das Caldas da Rainha se integra, que, desde 2020, as necessidades de pessoal médico “cresceram de forma significativa” com a abertura de duas áreas dedicadas a doentes respiratórios (ADR) e que a pandemia de covid-19 veio “agravar a pressão sobre os internamentos”, em particular na especialidade de Medicina Interna.

Depois de, em 2020, a procura das urgências ter tido uma quebra devido à pandemia, a partir de maio de 2021 os serviços de urgência daquela unidade voltaram a registar “uma procura intensa”, pode ler-se na resposta onde o ministério dá nota de que, no primeiro trimestre deste ano, foram registados 12.552 episódios de urgência, ultrapassando os 10.534 registados no período homólogo de 2019.

“A situação descrita tem criado pressão nos serviços de urgência, agravada pela dificuldade sentida pelo CHO no recrutamento de recursos especializados para o preenchimento das respetivas escalas”, o que terá levado à “apresentação de alguns pedidos de escusa de responsabilidade por parte dos profissionais, tendo em conta as dificuldades de gestão da sobrecarga assistencial”,pode ler-se na resposta.

Ainda assim, afirma o ministério, “o CA do CHO assevera que não há relatos formais e devidamente fundamentados de situações concretas que revelem que possa estar em causa a qualidade e a segurança dos cuidados de saúde prestados”, tendo os doentes sido transferidos para outras unidades, de acordo com a sua condição clínica.

Questionado sobre as medidas para solucionar a situação do CHO, o ministério informou que o quadro de pessoal foi reforçado, em 2021, com 45 profissionais e que, desde 2020, a instituição tem sido todos os anos contemplada com abertura de vagas. Em 2002 foram preenchidas 11 e em 2021 nove, sendo que do total sete foram para a Medicina Interna.

De acordo com o ministério, o Governo investiu 7,9 milhões de euros no triénio 2019-2021 em obras de modernização e na substituição de equipamentos nas três unidades do CHO, que inclui também os hospitais de Peniche e Torres Vedras.

No hospital das Caldas da Rainha esse investimento traduziu-se na criação da ADR (690 mil euros), na criação de um laboratório de biologia molecular (137 mil euros), aquisição de equipamentos (116 mil euros), um sistema anti-rapto para a Obstetrícia (60 mil euros) e a conclusão da modernização do serviço de urgência, no valor de mais de dois milhões de euros.

A situação “rutura” no hospital das Caldas da Rainha tinha sido também denunciada pela Comissão de Utentes do Centro Hospitalar do Oeste que agendou, para o próximo dia 20, uma vigília.

Está também a ser denunciada numa petição lançada pelo PSD, que defende a melhoria dos serviços da unidade e a construção de um novo Hospital para o Oeste.

O Centro Hospitalar do Oeste integra os hospitais das Caldas da Rainha, Torres Vedras e Peniche, tendo uma área de influência constituída pelas populações dos concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos, Peniche, Bombarral, Torres Vedras, Cadaval e Lourinhã e de parte dos concelhos de Alcobaça e de Mafra.