Numa nota enviada à agência Lusa, a Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda assegura que o serviço “vai estar aberto 24 horas”, mas devido ao constrangimento causado pela indisponibilidade apresentada pelos médicos, o funcionamento será “condicionado” nos feriados e fins de semana”.

A ULS pede à população “a maior compreensão e que recorra sempre que possível aos serviços disponibilizados pelos centros de saúde da área de residência”.

A unidade de saúde reforça o pedido para que “à Urgência só quem é urgente!”, lê-se na nota.

A diretora clínica da ULS, Fátima Cabral, tinha admitido à Lusa, na terça-feira, a possibilidade da recusa dos médicos em fazer mais horas extraordinárias comprometer o funcionamento das urgências, criando falhas nas escalas das noites e fins de semana.

“A redução de médicos disponíveis para o Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica pode vir a comprometer a escala de serviço, nomeadamente nos períodos noturnos e fins de semana”, precisou a responsável.

A diretora clínica assegurava que estavam a ser feitos esforços para colmatar as falhas nas escalas, admitindo a possibilidade de recorrer a médicos em prestação de serviço.

Fátima Cabral confirmou que 15 médicos já tinham entregado minutas de indisponibilidade para trabalho extraordinário acima de 150 horas já realizadas, o limite estabelecido para o ano.

A diretora do serviço de Urgência, Adelaide Campos, tinha confirmado à Lusa que as escalas para o mês de outubro estavam incompletas pelo fato de um grupo de médicos se ter manifestado indisponível para fazer mais horas extraordinárias, tendo em conta que já tinham atingido o limite anual.

“Vai haver dias em que as equipas não se podem formar, porque não há número de especialistas suficientes para cada uma das equipas e, portanto, a Urgência pode ter que encerrar”, alertou a diretora do serviço de Urgência.

Adelaide Campos disse esperar que “o senhor ministro da Saúde e o CEO do SNS [Serviço Nacional de Saúde] percebam aquilo que se pode vir a passar nas próximas semanas”.

A diretora realçou que o limite das horas extraordinárias já foi atingido há muito tempo e que “esta situação não se pode manter”.

“Não podemos ter um distrito de 160 mil habitantes sem hospital que receba doentes urgentes. Não é viável, não é possível”, alertou.