Em declarações à Lusa, Rita Valença Filipe, cirurgiã plástica e investigadora principal do estudo científico, contou que o trabalho, que começou em dezembro passado, juntou a termografia à abdominoplastia e tem em curso, no Hospital de São João do Porto, ensaios com 20 doentes, que estavam inscritos para abdominoplastia no Serviço Nacional de Saúde.
O estudo é fruto de uma cooperação entre as Faculdades de Medicina e de Engenharia da Universidade do Porto (UP) com o Hospital de São João do Porto, que deram as mãos para estudar como é que a técnica da termografia médica pode ajudar na recuperação e diminuição de riscos de doentes que recorrem à abdominoplastia, disse Rita Filipe, classificando a colaboração de "extremamente importante" e benéfica" para todas as partes.
O objetivo do projeto é ajudar a uma melhor recuperação do doente, assim como obter um melhor resultado estético, mas também diminuir a taxa de complicações e riscos da abdominoplastia, um dos procedimentos mais utilizados no âmbito da cirurgia plástica.
A abdominoplastia consiste na remoção de gordura e pele excedentária da região infra umbilical, com o intuito de melhorar o contorno corporal em doentes que sofreram, por exemplo, de uma redução de peso acentuada, ou apresentem flacidez cutânea após gravidez, ou que queiram simplesmente melhorar o contorno abdominal”, explicou a especialista.
“Aumentar o conhecimento na área da abdominoplastia numa perspetiva anatómica, fisiológica e clínica, com o intuito final da diminuição do risco e melhoria e refinamento de um procedimento que ainda vai apresentando alguma morbilidade” são objetivos do projeto.
O estudo, no fundo, vai permitir, ao aplicar a termografia, uma técnica de imagem inócua para o paciente aumentar o conhecimento anátomo-fisiológico da parede abdominal durante o procedimento de abdominoplastia.
A termografia médica é uma modalidade de imagem médica que permite avaliar a distribuição da temperatura à superfície da pele ou tecidos do corpo humano, permitindo avaliar procedimentos de cirurgia plástica e reconstrutiva, dando uma informação mais objetiva aos cirurgiões, explicou Ricardo Vardasca, investigador doutorado em Termografia Médica no Reino Unido, secretário-geral da Associação Europeia de Termologia e que está a colaborar no projeto de cooperação entre as Faculdades de Medicina e Engenharia da UP.
“Desta forma podem avaliar-se procedimentos de cirurgia plástica e reconstrutiva, dando uma informação mais objetiva aos cirurgiões que poderá no futuro influenciar a forma da realização dos procedimentos cirúrgicos e ajudar a determinar melhor o período de recuperação”, explica Ricardo Verdasca, referindo que outra mais-valia do uso da termografia é a “identificação dos vasos sanguíneos principais nas situações onde há necessidade de transferência de tecidos/retalhos, facilitando a sua ligação e mais rápida recuperação”.
Em Portugal não há 'rankings' sobre as abdominoplastias realizadas, mas a Sociedade Portuguesa de Cirurgia Plástica está a desenvolver um estudo com vista a apurar essa informação.
A abdominoplastia é provavelmente um dos quatro procedimentos mais realizados por cirurgia plástica, disse Rita Valença Filipe, salvaguardando que esta informação é com base na sua sensibilidade e experiência médica. A lipoaspiração em primeiro lugar, prótese mamária em segundo, redução mamária em terceiro e depois a abdominoplastia.
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