A maioria (86%) dos casos de cancro atribuídos ao álcool estão ligados ao consumo "de risco e excessivo" (mais de duas doses por dia), segundo o estudo. Mas mesmo o consumo leve ou moderado representa "um a cada sete casos atribuídos ao álcool, ou seja, mais de 100 mil novos casos de doença maligna no mundo", em 2020, anunciou a Circ, ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS).

Isso mostra "a necessidade de pôr em prática políticas e intervenções eficazes para consciencializar o público sobre a ligação entre o consumo de álcool e o risco de cancro, e para reduzir o consumo geral", declarou a médica Isabelle Soerjomataram, funcionária da Circ.

Publicado na revista médica "The Lancet Oncology", o estudo listou sete tipos de cancro cujo risco é aumentado pelo consumo de álcool: boca, faringe, laringe, esófago, colorretal, fígado e mama em mulheres (ou seja, 6,3 milhões de casos em 2020).

Cruzando esses dados com os do consumo de álcool por país há uma década (tempo que a doença leva para ser declarada), os investigadores calcularam que 741.300 desses casos de cancro (ou seja, 4% do total de novos casos no mundo em 2020) poderiam estar diretamente relacionados ao álcool.

“Em 2020, os tipos de cancro com maior número de novos casos ligados ao consumo de álcool foram os de esófago (190.000 casos), fígado (155.000 casos) e mama em mulheres (98.000 casos)”, segundo a Circ.

A Mongólia é o país com maior incidência de novos casos de cancro relacionados com o consumo de álcool (10%, ou 560 casos), e os homens respondem por três quartos de todos os casos de cancro atribuíveis ao álcool (567.000).

O estudo, no entanto, apresenta limitações, assinalou a The Lancet Oncology. Por um lado, não considera a interrupção dos atendimentos devido à pandemia, que pode ter levado à subnotificação de alguns casos de cancro no ano passado.

Por outro, não tem em consideração interações entre o consumo de álcool e outros elementos, como o tabaco ou a obesidade, que também podem causar a doença.