A taxa de anomalias entre os filhos do zika (cerca de 14%) é 30 vezes maior que a taxa de anomalias que ocorre entre os bebés que não estiveram expostos a este vírus propagado por mosquitos, disseram funcionários dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.

Os problemas de saúde incluem microcefalia, danos cerebrais ou na visão, convulsões e atrasos de desenvolvimento, indicou o relatório CDC Vital Signs, o maior estudo já realizado sobre bebés de mães que foram infectadas pelo zika durante a gravidez.

"Alguns destes problemas não foram evidentes no nascimento e acabaram por ser identificados à medida que os bebés forma crescendo", revelou o relatório, que incluiu mais de 4.800 gravidezes que testaram positivo para o zika nos territórios americanos de Porto Rico, Samoa Americana, Micronésia, Ilhas Marshall e Ilhas Virgens entre 2016 e 2018.

O relatório concentrou-se nos territórios americanos, que foram os mais afetados pelo surto, e não incluiu os casos registados nos Estados Unidos continental.

"Destas gravidezes, 1.450 bebés tinham menos um ano de idade e tiveram alguns cuidados de acompanhamento relatados para esta análise", disse o estudo.

Um total de 203 bebés "registaram uma má-formação congénita vinculada ao zika, uma anormalidade no desenvolvimento neurológico possivelmente associada à infecção congénita do vírus, ou ambos".

A taxa de más-formações vinculadas ao zika é comparável às registadas em estudos anteriores no Brasil e em outras áreas afetadas pela epidemia, disse Peggy Honein, diretora da divisão de transtornos congénitos e do desenvolvimento do CDC.

"Consistentemente, vimos que 5 a 10% dos bebés das gravidezes com zika têm uma destas deficiências cerebrais ou de visão, ou microcefalia", disse a jornalistas numa conferência de imprensa.

"Alguns estudos usaram critérios diferentes e incluíram uma gama mais ampla de consequências (...) E se utilizarmos critérios mais amplos, vamos ver que mais bebés foram afetados", acrescentou.

"Acreditamos que não há uma diferença geográfica, mas uma diferença no critério" utilizado nos estudos, acrescentou.

Até ao momento, só este ano foram registados 74 casos de zika em territórios americanos, quase todos em Porto Rico, disse Lyle Pedersen, diretor da divisão de doenças infecciosas dos CDC.

"Há uma transmissão em curso em Porto Rico, mas obviamente num nível muito menor do que vimos em anos anteriores", acrescentou.

No início de 2015, um surto maciço de zika surgiu na América Latina e Caribe e acabou por afetar 86 países no continente americano e em África.

O vírus zika, transmitido pela picada de mosquitos e por contato sexual, é particularmente perigoso para as mulheres grávidas, porque foi provado que pode causar más-formações congénitas nos fetos.

"A história do zika não acabou. A cada dia que passa ainda estamos a aprender sobre o impacto destas infecções", disse Honein.