A “jornalista cidadã” Zhang Zhan, de 38 anos, está em greve de fome, depois de ter sido condenada, no final de 2020, a quatro anos de prisão por “provocar distúrbios à ordem pública”, um motivo frequentemente invocado na China para encarcerar opositores políticos.

Ela encontra-se num estado de magreza extrema e “poderá não viver muito mais tempo”, alertou o seu irmão, Zhang Ju, no início deste mês.

“O estado de saúde de Zhang Zhan está a deteriorar-se rapidamente enquanto ela está na prisão. A senhora Zhang sofre, entre outras coisas, de subnutrição severa”, lamentou Nabila Massrali, a porta-voz do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.

“A UE insta a China a tomar todas as medidas necessárias para que Zhang Zhan receba urgentemente tratamento médico adequado e tenha acesso aos membros da sua família e aos advogados da sua escolha”, acrescentou a porta-voz comunitária, numa declaração publicada na sua conta da rede social Twitter.

“A UE pede à China que respeite os seus compromissos internacionais em matéria de direitos humanos e liberte imediata e incondicionalmente Zhang Zhan”, frisou.

Esta antiga advogada de Xangai foi detida a 15 de maio de 2020 e condenada a 28 de dezembro do mesmo ano a quatro anos de prisão, por uma reportagem sobre a pandemia de covid-19 em Wuhan, no centro da China, recordou Massrali.

Em fevereiro de 2020, Zhan deslocou-se a Wuhan para relatar a situação no local, alguns dias após a colocação em quarentena da metrópole de 11 milhões de habitantes.

As suas imagens de doentes acamados no corredor de um hospital sobrelotado deram um raro vislumbre das condições sanitárias na cidade a braços com o novo coronavírus SARS-CoV-2.

O apelo emitido pela União Europeia “surge na sequência de repetidos pedidos — mas sempre sem resposta — dirigidos às autoridades chinesas sobre a situação de Zhang Zhan”, sublinhou a porta-voz do Alto Representante da UE para a Política Externa.