
Um tribunal de Madrid absolveu, esta segunda-feira, o médico espanhol Eduardo Vela de todos os crimes no julgamento do caso dos "bebés roubados" durante o franquismo. A decisão judicial tem por base a prescrição dos delitos dos quais o acusado era suspeito.
O Ministério Público pedia uma pena de 11 anos de prisão. A sentença considerou Eduardo Vela responsável por todos os crimes, mas absolveu-o por concluir que o prazo legal para o juízo penal prescreveu em 1987, quando a queixosa atingiu a maioridade.
O antigo obstetra que durante 20 anos dirigiu a Clínica San Ramon, em Madrid, foi um dos principais mentores do tráfico de recém-nascidos que envolveu centenas de bebés durante a ditadura de Franco (1939-1975).
Os crimes foram investigados após a denúncia de uma mulher de 49 anos, Ines Madrigal, que foi retirada aos pais biológicos e entregue a uma mulher estéril. Ainda hoje esta funcionária dos caminhos de ferro espanhóis desconhece quem é a sua família biológica.

A imprensa espanhola fala em cerca de 3.000 casos denunciados à justiça, mas quase todos acabaram arquivados.
"Este já não é o meu caso, isto já me transcendeu. Toda a gente já sabe que neste país se roubaram crianças", declarou aos jornalistas, em junho, a queixosa.
Muitas vezes com a cumplicidade da Igreja Católica, as crianças eram retiradas aos pais biológicos - geralmente solteiros e sem posses económicas - após o parto, declaradas mortas e adotadas por casais estéreis próximos do regime.
Comentários