Sem querer, Portugal acordou com o aumento da esperança média de vida das vacas. Ao que parece, toda a vaca que vinha em Erasmus para ser comida em Coimbra, vai ver suspenso o seu programa de mobilidade. Isto porque o reitor anunciou que vai eliminar o consumo de carne de vaca nas cantinas universitárias a partir de Janeiro de 2020, por razões ambientais.

Como é meu apanágio, estou de acordo com tudo. O único problema aqui é que a história ensina-nos que toda a proibição origina a curiosidade e o consumo paralelo. Não me espanta que, num curto espaço de tempo, comece a existir o tráfico de bifes. Muito provavelmente vai aumentar o consumo de pregos no pão atrás das Amarelas, ouvindo-se entre dentes "gira aí essa vitela, mano". Tudo isto se vai reflectir num aumento dos custos em saúde, porque aumentará exponencialmente o número de pessoas agarradas à picanha, já para não falar nos internamentos motivados pela ressaca de alcatra, que se traduzirá num aumento do número de famílias destruídas pela adição ao bovino.

Se o problema são os gases, podíamos resolver isto com cortiça. Fazíamos rolhas que encaixassem no esfíncter anal dos bovinos

Analisando os vídeos que circularam na internet há algum tempo, haverá também um impacto na queima das fitas porque o recinto vai ressentir-se com a interdição das vacas, mas disto ninguém fala.

No fundo, não importa que nos desloquemos de carro a todos os sítios que ficam a 200 metros de casa e nos obriguem a percorrer dez quilómetros para estacionar à porta, desde que não o façamos a degustar uma bucha de bife da vazia. Podemos conduzir um carro a diesel ou viajar de avião para um destino paradisíaco, desde que cortemos na carne de vaca. É simples. É que, se todos ajudarmos um bocadinho, o mundo ficará um lugar melhor.

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Se o problema são os gases, não me espanta que, a curto prazo, comecem a cortar na origem de quem os produz

Se o problema são os gases, podíamos resolver isto com cortiça. Fazíamos rolhas que encaixassem no esfíncter anal dos bovinos. Aumentávamos as exportações de cortiça ao mesmo tempo que controlávamos as emissões de CO2 É certo que o som do campo iria parecer o de uma garrafeira em dias de festa, mas é o preço a pagar pelo meio ambiente. Claro que haveria sempre o perigo dos agricultores perecerem devido aos petardos de cortiça o que, apesar de triste, seria benéfico para o ecossistema, dado que eram menos uns quantos a conduzir automóveis e a emanar esses gases manhosos.

Se o problema são os gases, não me espanta que, a curto prazo, comecem a cortar na origem de quem os produz. As faculdades deixarão de ter feijoada, castanhas ou aquela verdura que fermenta fortemente no intestino.

Presentemente, os estudantes vivem em alvoroço. Em boa verdade, nem se importam de passar fome. Se, por um lado, têm receio de que o próximo passo seja cortarem nas calorias, por outro preferem cortar nas calorias do que nas caloiras. É uma questão de português que pode influenciar toda uma vida académica.

A atitude do reitor é corajosa e arrojada. É uma medida interna mas (quem sabe?) um dia ainda será abrangida por outras instituições. No fundo, foi uma medida de dentro para fora. Como os gases.

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