Em declarações à agência Lusa, o responsável do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte (STIHTRSN), Francisco Figueiredo, referiu que em causa está a "pressão feita sobre trabalhadores para que aceitem rescindir contrato ou passem para instalações na Póvoa de Varzim".

Esta situação motivou uma nova greve marcada para hoje [os trabalhadores realizam idêntico protesto a 17 de julho], que contou com a adesão de “oito dos 16” trabalhadores do ‘call center’ do Hospital da Arrábida, do Grupo Luz Saúde. Os restantes, segundo explicou Francisco Figueiredo, aceitaram a transferência para a Póvoa de Varzim.

De acordo com o dirigente sindical, os oito trabalhadores já responderem à carta que receberam da empresa recusando a transferência.

“A empresa não alegou nenhum motivo de força maior ou imperativo para proceder à transferência do local de trabalho conforme obriga o contrato coletivo de trabalho (CCT) e a gestão do ‘call center’ da Póvoa de Varzim vai ser assegurada por uma empresa que os trabalhadores desconhecem e com a qual nunca tiveram nenhum contrato”, refere o sindicato.

Francisco Figueiredo alega que “o novo local de trabalho dista mais de 40 quilómetros e que não há transportes públicos acessíveis e com horários adequados da estação do metro da Póvoa de Varzim para o Hospital da Luz Póvoa de Varzim”.

“Alguns trabalhadores para entrarem ao serviço às 08:00 na Póvoa vão ter de sair de casa às 05:30 e vão chegar a casa neste horário depois das 19:00 e, além disso, não podem suportar custos com transporte por serem muito avultados”, sublinhou.

O dirigente sindical alega ainda que “há prejuízos sérios e a transferência põe em causa o direito constitucional à conciliação da atividade profissional com a vida pessoal e familiar”.

“Não há nenhuma razão empresarial que justifique uma transferência de local de trabalho de uma mãe com um filho de meses que, para aceitar a transferência que lhe é imposta, seja obrigada a deixar de amamentar o filho, como acontecerá com uma trabalhadora e, muito menos, num grupo económico que distribuiu lucros ao acionista em 2016 de 17,4 milhões de euros”, frisou.

Em seu entender, "não é aceitável que obriguem a mudar ou que ameacem que os trabalhadores perdem os seus direitos caso não aceitem. É possível manter o ‘call center' em Gaia ou redistribuir os trabalhadores por outras funções".

O Grupo Luz Saúde, que gere o hospital da Arrábida, em Vila Nova Gaia, garantiu recentemente à Lusa que "foram asseguradas as condições de adaptação" aos trabalhadores do ‘call center' que estão a ser transferidos para a Póvoa de Varzim.

Em comunicado, o Grupo Luz Saúde explica que "os trabalhadores que atualmente operavam no ‘contact center' do hospital da Luz Arrábida foram, na sua quase totalidade, integrados neste novo serviço", referindo-se ao novo ‘call center' instalado na Póvoa de Varzim.

"A todos eles foram asseguradas as melhores condições de adaptação ao novo local de trabalho - como transporte dedicado e incentivos financeiros -, estando este processo a decorrer dentro da normalidade", refere o grupo.

Na mesma nota, os responsáveis da empresa apontam que o grupo decidiu investir na construção de um novo ‘contact center' para servir unidades no norte do país, nomeadamente os hospitais Arrábida (Vila Nova de Gaia), Póvoa de Varzim, Amarante e Cerveira.

O grupo estima que o novo serviço comece a operar plenamente a partir de setembro.

"Vai funcionar, para já, com cerca de meia centena de profissionais, dos quais 15% correspondem a novos postos de trabalho. A Luz Saúde prevê que, a médio prazo, esta operação venha a crescer significativamente, podendo a necessidade de novos colaboradores duplicar nos próximos anos", lê-se na nota.