6 de junho 2013 - 14h25
Uma terapia experimental mostrou-se promissora no tratamento da esclerose múltipla sem enfraquecer o sistema imunológico e pode ajudar a combater outras doenças autoimunes e alérgicas, revelam os resultados de um ensaio clínico preliminar.
Os investigadores do estudo, publicado na quarta-feira na revista norte-americana Science Translational Medicine, dizem tratar-se do primeiro tratamento que permite reprogramar o sistema imunitário dos doentes para reduzir a sua reatividade à mielina, tendo conseguido uma redução de 50 a 75 por cento, segundo a agência France Presse.
A esclerose múltipla caracteriza-se pela destruição progressiva da bainha de mielina, que protege os nervos do cérebro e da espinal medula e desempenha um papel fundamental na condução de impulsos nervosos.
Quando aquela camada protetora é destruída, os impulsos elétricos não circulam eficazmente, causando sintomas que podem chegar à paralisia ou à cegueira.
“Esta terapia para a resposta autoimune já ativada e impede a ativação de novas células autoimunes”, explicou Stephen Miller, professor de microbiologia e imunologia na Faculdade de Medicina da Universidade Northwestern em Chicago e principal autor da investigação.
“A nossa abordagem deixa intacto o funcionamento do sistema imunitário”, adiantou.
Neste ensaio de fase I, realizado na Alemanha com nove doentes, os investigadores utilizaram células de glóbulos brancos dos pacientes para “injetarem” furtivamente milhares de milhões de antígenos de mielina no seu organismo, levando o sistema imunitário a reconhecê-los e a desenvolver tolerância.
As terapias atuais desativam o sistema imunitário, tornando os doentes mais sensíveis às infeções e fazendo aumentar o risco de cancro.
Assinalando que o número de doentes do ensaio é demasiado pequeno para saber se o tratamento pode prevenir a progressão da esclerose múltipla, os investigadores precisaram que, entre os nove, os pacientes que receberam mais células de glóbulos brancos com antígenos tiveram uma maior redução da reatividade à mielina.
O ensaio mostrou ainda que o tratamento é seguro e bem tolerado.
O estudo abre caminho a um ensaio clínico de fase II para determinar se o tratamento é eficaz contra a progressão da esclerose múltipla, que afeta 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde.
Lusa
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