A Direção-Geral de Saúde (DGS) emitiu uma circular dirigida a profissionais de saúde no sentido de reforçarem a vacinação contra o sarampo, na sequência dos surtos que estão a eclodir em vários países da Europa.
O apelo incide muito na população adulta, nascida depois de 1969 que nunca tenha contraído a doença, mas também nas crianças, de acordo com o Plano Nacional de Vacinação, e indivíduos que não estejam corretamente vacinados, e que devem ser convocados oportunamente.
A DGS alerta ainda para a necessidade de identificar e vacinar “grupos de suscetíveis”, tais como famílias ou pequenas comunidades cujas características culturais ou socioeconómicas podem estar associadas a baixas coberturas vacinais.
O objetivo é a redução do número de indivíduos suscetíveis ao sarampo na população, para evitar a ocorrência de cadeias de transmissão a partir de casos importados, sendo esta vacinação gratuita.
A DGS pretende atingir uma taxa de cobertura vacinal igual ou superior a 98 por cento da população. Atualmente a taxa de cobertura em Portugal ronda os 95 por cento.
O sarampo é uma das infeções virais mais contagiosas, transmitindo-se pessoa a pessoa ou por via aérea, mas apesar das recomendações de vacinação da OMS, nos últimos anos, e com maior intensidade nos últimos meses, têm vindo a ocorrer surtos de sarampo na Europa, junto de populações em que a cobertura com a vacina contra o sarampo é insuficiente.
Esta falta de cobertura vacinal explica-se em grande parte com uma moda relativamente recente de não vacinar os filhos por questões ideológicas e que reúne muitos adeptos em vários países europeus, confirmou à Lusa Graça Freitas, subdiretora-geral da DGS, ressalvando que Portugal não se inclui nesse grupo, uma vez que o número de pessoas que faz uso desse direito é residual.
O último caso autóctone foi declarado em 2002 e após isso, apenas dois casos de sarampo foram registados em Portugal, ambos em pessoas oriundas de outros países, sem que tenha havido contágio.
Um alerta emitido recentemente pelo Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças revela que o declínio da vacinação é causado por grupos de pessoas anti vacinas e está na origem do aumento da incidência de antigas doenças infeciosas que se encontravam praticamente erradicadas.
A informação constante desta circular emitida terça-feira pela DGS não é nova, tendo sido feitos já vários apelos neste sentido nos últimos tempos, nomeadamente pela Organização Mundial da Saúde.
Em meados de maio, a então ministra da Saúde, Ana Jorge, falou à Lusa da necessidade de reforçar a vacinação contra o sarampo e lembrou a existência de “bolsas da população” em que os níveis são mais reduzidos.
Na altura, a responsável sublinhou que se trata de uma doença muito grave e que só com uma taxa de cobertura de 98 por cento é possível garantir que não há surto de sarampo.
08 de junho de 2011
Fonte: Lusa/SAPO
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