Os Serviços Prisionais assinam hoje um protocolo com a Sociedade Portuguesa de Suicidologia (SPS) que visa a prevenção do suicídio, um fenómeno que tem vindo a aumentar nas cadeias portuguesas.

O protocolo prevê que seja a SPS a fazer a avaliação externa do programa integrado de prevenção do suicídio nas prisões, num trabalho que passa por fazer a triagem e a identificação dos comportamentos autodestrutivos num "microcosmos" muito diferente do mundo exterior que é a prisão.

Idade, sexo, depressão, alcoolismo, drogas e doenças graves são fatores que devem ser tidos em conta na análise dos riscos, tendo Jorge Costa Santos, do Conselho Científico da SPS, alertado para a necessidade de um maior acompanhamento dos reclusos na fase inicial da reclusão, porque é nos primeiros meses de encarceramento que o perigo de suicídio é maior.

Segundo dados fornecidos pela Direção-Geral dos Serviços Prisionais (DGSP) à Lusa, de 1 de janeiro a 25 de junho deste ano morreram 26 reclusos nas 51 cadeias portuguesas, 18 dos quais devido a doença e oito por suicídio. No primeiro semestre de 2011, o número de mortes foi superior, tendo atingido as 35 - duas por suicídio e 33 por doença.

Em declarações à agência Lusa, Jorge Costa Santos considerou que o protocolo será uma "mais valia" em benefício da sociedade em geral e dos reclusos em particular, revelando que, pelo acordo, caberá aos peritos da Sociedade Portuguesa de Suicidologia fazer a avaliação do atual programa integrado de prevenção do suicídio nas cadeias, podendo propor medidas ou alterações que visem alcançar progressos nesta matéria.

Jorge Costa Santos, que é também diretor da delegação sul do Instituto Nacional de Mediciona Legal (INML), considerou ainda que a assinatura deste protocolo é "uma prova de humildade" da DGSP, ao reconhecer que a Sociedade Portuguesa de Suicidologia, através de técnicos e peritos qualificados, é uma entidade que a pode ajudar a minorar o problema.

2012-07-31

Lusa