“Todos nós temos a noção de que a situação do SNS é muito frágil e que o SNS só se mantém, neste momento, com o esforço de muitos profissionais que trabalham muitas horas extra, muito além daquilo que seria a sua obrigação e fazem-no para manter o SNS”, afirmou Mariana Mortágua, em Porto de Mós (Leiria), onde hoje esteve reunida no centro de saúde com a comissão de utentes e uma médica que faz parte da coordenação da unidade de saúde.
Para Mariana Mortágua, “é por isso que o SNS ainda consegue dar uma resposta a tanta gente que o procura”, avisando que “vai deixar de conseguir a muito breve trecho e já começa a falhar em questões menos essenciais e menos urgentes”.
“E é por isso que é essencial dotar o SNS de todo o investimento necessário”, defendeu.
Para a líder do BE, “o Governo nunca o quis fazer, porque enterrou na gaveta do Ministério das Finanças as decisões que mais importavam à saúde”.
Antes, Mariana Mortágua referiu-se especificamente aos cuidados de saúde primários, para salientar que, “nesta zona, seis em cada 10 pessoas não têm médico de família, o que quer dizer que mais de 60% dos utentes não conseguem ter acesso a serviços de saúde”.
“Quando falamos da falta de médico de família, também falamos sobre o caos nas urgências, porque quando o Governo diz que quem vai às urgências não devia ir e quem vai às urgências devia ligar para a [Linha] Saúde 24, na verdade está a desrespeitar as pessoas”, considerou.
A este propósito, sublinhou que “as pessoas deslocam-se às urgências não por prazer, não porque o queiram fazer, não por leviandade, mas, simplesmente, porque muitas vezes não têm um médico de família”.
Recusando comentar especificamente a morte na terça-feira de uma utente na urgência do Hospital de Penafiel, que foi triada com pulseira laranja, Mariana Mortágua sublinhou que “as urgências estão acima da sua capacidade” e “não existe capacidade de responder nas urgências a todas as necessidades”.
Acompanhada pelo cabeça de lista pelo círculo de Leiria às legislativas de 10 de março, o médico Rafael Henriques, Mariana Mortágua assinalou que falta investimento nos centros de saúde, na contratação de profissionais, nos hospitais, nas urgências, assim como nos cuidados paliativos.
“O Governo teve todos os recursos, teve todos os excedentes orçamentais” para concretizar estes investimentos, considerou, reconhecendo que “as soluções para os problemas da saúde estão encontradas”, como mecanismos para reter profissionais ou para otimizar a forma como os centros de saúde funcionam, mas “é preciso é saber se o Partido Socialista está do lado das soluções ou se se mantém do lado dos problemas”.
As propostas do BE passam pela “exclusividade para médicos com 40% de aumento da remuneração, subsídio de penosidade, incentivos aos médicos para irem para territórios onde há pouca atratividade” ou capacidade dos centros de saúde “para contratar médicos”, adiantou.
“São algumas das propostas que temos feito, que fazemos há muito tempo, que teriam evitado o caos da saúde como ele se encontra hoje”, acrescentou a coordenadora do BE.
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