Na Semana Europeia da Mobilidade 2010, que decorre entre 16 e 22 de Setembro, a ACAPO chama atenção para a falta de segurança nas passadeiras nacionais. De acordo com os dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, mais de um terço dos peões vítimas sofrem um acidente numa passagem de peões.

Em 2009, 2122 pessoas foram atingidas numa passagem sinalizada. Contudo, não existem estudos sobre as causas dos acidentes. Parte-se do princípio de que a culpa é do condutor ou do peão e nada se diz sobre a responsabilidade de quem desenhou a passadeira.

A ACAPO considera que se deveria definir boas práticas para a concepção de passagens de peões e que a Semana Europeia da Mobilidade é o momento certo para as autoridades nacionais e locais assumirem este compromisso.

Problemas principais das travessias:

1. Escassez de avisadores sonoros nos semáforos apesar de imposição existente desde 1997
Uma forma de reduzir o número de acidentes é aumentar a visibilidade dos peões e dos condutores, tanto do dia como à noite. Em inúmeros locais os condutores não conseguem ver os peões à espera de atravessar e estes não podem ver os carros a aproximar-se devido às viaturas estacionadas junto à passadeira.

O problema resolve-se de uma maneira simples com o prolongamento do passeio na zona de atravessamento. No entanto, melhor visibilidade não resolve o problema de insegurança para quem
vê mal.

Desde 1997, com a publicação do primeiro diploma legal sobre acessibilidade (o Decreto-Lei nº 123/97), passou a ser obrigatório acrescentar avisadores acústicos às passagens de peões com semáforos.
Porém, decorridos treze anos sobre aquela determinação legal, a legislação ainda está por cumprir.

A ausência de um sinal sonoro prejudica a independência e segurança dos peões que não podem ver os sinais luminosos, em particular as pessoas com deficiência visual que enfrentam esta barreira diariamente, mas também faz falta a todos os peões quando o sol incide sobre os sinais e ninguém tem certeza qual o sinal que está aberto.

2. Má colocação de avisadores sonoros dos semáforos
Por outro lado, nos poucos locais onde existe informação sonora, nem sempre a mesma é fidedigna. Num cruzamento ou numa avenida larga com mais do que uma passadeira, muitas vezes é difícil perceber de onde vem o som, e o peão com deficiência visual pode ser induzido em erro. Existem soluções para este problema mas o mercado nacional continua a usar equipamentos simples e antiquados,
menosprezando a segurança do peão.

3. O problema das passadeiras em que carros e peões podem passar ao mesmo tempo
A segurança é também prejudicada quando o trânsito pode virar para uma rua onde o sinal está verde para os peões. De acordo com o Código da Estrada o peão continua a ter prioridade e pode avançar com confiança, porque o trânsito vai parar.

Na prática, o cidadão experiente fica com um olho no trânsito enquanto atravessa. E
se não tiver visão? Como se pode garantir a sua segurança?

Conclusão:
As soluções existem para tornar as nossas passadeiras mais seguras e são aplicadas na Europa. Para a ACAPO, a Semana Europeia da Mobilidade é uma oportunidade para as autoridades nacionais e locais, bem como para os fabricantes da sinalização, assumirem a sua intenção de definir e adoptar boas práticas na concepção das passagens de peões e evitar mais do que dois mil acidentes por
ano.

Fonte: ACAPO

2010-09-17