Os enfermeiros do Hospital Distrital de Santarém (HDS) terminam hoje uma greve de três dias convocada para exigir a contratação de mais profissionais, considerando “premente” a autorização das contratações solicitadas pela administração.

José Josué, presidente do conselho de administração do HDS, disse à Lusa que, apesar desta unidade de saúde “nunca ter tido tantos enfermeiros como agora”, graças ao reforço que tem vindo a ser feito nos últimos anos, o facto de estes profissionais serem os “mais chamados” na assistência aos doentes gera um “cansaço” que é preciso ter em conta.

Estas são as 10 doenças mais estigmatizadas do mundo
Estas são as 10 doenças mais estigmatizadas do mundo
Ver artigo

Profissionais esgotados, física e mentalmente

“Chegam ao fim do dia cansados, física e mentalmente, porque cada vez mais os doentes são pessoas idosas e dependentes”, disse, sublinhando compreender a exaustão de profissionais que “respeita muito” e que reconhece como “pedras fundamentais” do sistema.

José Josué disse à Lusa que as contratações vão sendo solicitadas à medida que o número de profissionais em falta “começam a comprometer a atividade”, sendo de fevereiro o pedido mais antigo a aguardar autorização, um processo que percorre diversos departamentos do Ministério da Saúde até culminar no Ministério das Finanças.

Segundo o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), que convocou a greve, para cumprir as Dotações Seguras, o HDS necessita de mais 100 enfermeiros, um número que o administrador aponta como sendo “o ideal”.

Sem adiantar números de adesão, José Josué disse à Lusa que a greve “condicionou” serviços como o Bloco Operatório, sublinhando a “responsabilidade” dos enfermeiros que “asseguram sempre os serviços mínimos”.

A dirigente regional do SEP, Helena Jorge, afirmou hoje que a adesão no período da manhã rondou os 75%, subindo nos turnos da tarde e noite para os 90%, o que levou a que, no Bloco Operatório, apenas funcionasse a sala da Urgência, a que a cirurgia de ambulatório fosse fechada nos dois primeiros dias, estando hoje a 70% (“porque ficar sem três dias de ordenado não é fácil”) e que as Urgências e os outros serviços tenham estado em “cuidados mínimos”.

Segundo Helena Jorge, os enfermeiros do HDS “não vão desistir” da sua luta e podem endurecer o protesto caso não haja sinais de “boa fé” por parte do Ministério da Saúde.

Salientando que os enfermeiros reivindicam neste protesto apenas a contratação de 50 profissionais, para suprir as faltas “mais prementes”, Helena Jorge afirmou que, se não houver “uma tentativa para resolver o problema, pelo menos os imediatos”, a seguir irão ser reivindicadas “as dotações inteiras deste hospital”, o que implica a contratação de “muito mais de 100” enfermeiros.